Está circulando o número 84 da Revista da Academia Mineira de Letras, com excelentes matérias, assinadas por quem sabe escrever e, além do mais, por quem escolhe seriamente os temas. Fundada há mais de um século, como se observa nas primeiras páginas da edição, a publicação se tornou uma das publicações mais longevas do Estado, graças à tenacidade de seus editores e à nossa pujante cena literária.
Como enfatiza Jacyntho José Lins Brandão, presidente da Academia Mineira de Letras, “a revista dignifica e honra as letras mineiras”. No número que acaba de sair, o primeiro dossiê que a forma, por sugestão do jornalista Silvio Ribas, leva o título de “Literatura e cidade natal”, numa natural e simpática homenagem à terra de nascimento de escritores já consagrados em nosso meio.
As mais de 400 páginas da edição começam com os versos da poeta Flávia Queiroz Lima a enfeitar o contexto, sob título de “A cidade que me habita”: “Esteja em qualquer recinto, é seu olhar que me fita. Vestindo dores, perfumes, sedutora, em mim se infiltra, sinto ciúmes do vento, e ele, pairando, desliza, é dona de meus espaços, a cidade que me habita”.
Não se deve deixar de registrar que, em se falando de Minas e seu interior, Olavo Romano não poderia faltar. E não faltou. O texto “Casos de Olavo”, assinado por Ivete Walty, é como a abertura de tudo mais que vem à frente. Evocam-se episódios de quem foi companheiro de muitos anos de confrades e consagra marcas profundas em todos os que o sucederam.
O segundo dossiê, organizado por Ana Maria Clark Peres e, também Rogério Faria Tavares, exibe como tema central Chico Buarque de Holanda, ao ensejo de seus 80 anos. E o aniversariante confessa: “O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, o meu bisavô era mineiro e meu tataravô, baiano”.