Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Na América Central

Publicado em 14/08/2024 às 06:00.

Com menos de 1 milhão de metros quadrados e mais de 30 milhões de habitantes, a Venezuela se torna a bola da vez das preocupações neste pedaço de tempo em que as nações latino-americanas entram em conflito interno em busca de solução para problemas que não são de hoje. Ademais, a briga pelo poder na América Central ganha atenção do mundo, dizendo que a questão da paz e da guerra não se cinge ao Oriente ou aos embates históricos da Rússia com seus vizinhos.

Na Venezuela, após a eleição de julho, Maduro - que poderia já ter caído da árvore nacional pelos quase 12 anos de regime imposto à população - persiste na sua voracidade por mais meia dúzia em novo mandato. Não importa que a oposição tenha outra versão. É indispensável manter a cadeira presidencial - com fins perfeitamente conhecidos da comunidade internacional.

Agora é a vez da Nicarágua, o maior país da América Central, com seus menos de 132 mil quilômetros, esforça-se, por um regime não democrático que se estende por dezenas de anos. A despeito da vontade popular, a nação permanece em ebulição, depois de 30 anos de gestão de Anastasio Somoza, substituído em família - de sangue e interesses escusos. Assassinatos se sucedem, o povo sofre e a luta interna não impede que os sandinistas façam intervenções em El Salvador.

O presidente, em nome de uma suposta paz regional, entra em cena, em meio aos percalços de intermediação no caso venezuelano. O presidente Daniel Ortega decidiu expulsar o embaixador brasileiro em Manágua, por não ter comparecido a comemorações da Revolução Sandinista na qual ele foi guerrilheiro.

A coisa não andava boa desde que as relações entre Brasília e Manágua entraram em colapso, em 2022, quando da prisão de bispos, e padres católicos pelo regime, o que levara ao congelamento das relações diplomáticas. O não comparecimento do diplomata Breno Souza da Costa, representante brasileiro na Nicarágua, foi considerado ato hostil. 

O assunto não morreu aí. O Brasil, a sua vez, de expulsar a embaixadora nicaraguense Fulvia Patrícia Castro, que imediatamente arrumou as malas e regressou a Manágua. O governo brasileiro resolveu interromper as relações por um ano. Nos próximos dias, mais capítulos da novela serão mundialmente conhecidos. Quando do episódio envolvendo membros do clero católico, Brasília aceitou intermediar uma solução, mas Ortega se negou até a atender um telefonema de Lula, quando procurou este reforçar um pedido do próprio Pontífice, visando libertação dos presos. 

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