Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Nas ondas do rádio

25/05/2021 às 19:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:01

Repercutiu rapidamente em Belo Horizonte a notícia da venda da Rádio Itatiaia, transferida da família Carneiro para Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia e controlador da CNN Brasil. Emanuel Carneiro, que comandava a emissora há anos, desde o falecimento do irmão, Januário, primeiro dono, declarou que começara na Itatiaia aos 13 anos, quando registrava os resultados dos jogos no país para passa-los aos locutores. Eis uma bela e laboriosa existência, para uma pequena rádio, nascida graças ao empreendedorismo e coragem de seu fundador.

Januário Carneiro viera de Patrocínio de Muriaé com a família, instalando-se esta no bairro da Serra. Lá, integrou um grupo de futebol, entusiasmou-se com o esporte e, muito moço, estava em “O Diário”, o Católico, começando na imprensa escrita. Depois, aproximou-se de Álvaro Celso da Trindade, filho de desembargador, advogado e locutor esportivo, o popular Babaró, gorducho, que se elegeu vereador em Beagá. Dalí, os dois entraram para a Guaraní, dos Associados, dedicados ao esporte, inclusive na transmissão das partidas. Conseguiram sucesso.

Januário concluiu que poderia ter emissora própria, que o campo era bom, que a gente mineira a merecia e, deste modo, preparou-se para fundar uma para divulgar o esporte que aqui se praticava. Nasceu a Itatiaia, que conquistou um público enorme, enfrentando toda espécie de desafios. conseguiu o terreno para o transmissor em Nova Lima e abriu as portas do futuro. Emanuel abraçou a causa desde o princípio e, à medida que a rádio crescia, ele e todo o grupo se punha em ação para marcar presença no cenário radiofônico.

Mudou de endereço algumas vezes, mas não de itinerário. Fizeram-se transmissões históricas, a partir de várias partes do planeta. O mundo era pequeno nas ondas da Itatiaia, que formou um elenco de profissionais competentes.

Viveu dificuldades, é óbvio, mas saiu triunfante. Realizou transmissões exclusivas no rádio brasileiro, lançou grandes nomes, fez-se acompanhar de novas emissoras, passou a contar com o que de mais moderno se fazia para chegar cada vez mais longe e agradar a seu público.

Emanuel, ao completar 78 anos em abril, julgou-se com o dever cumprido, mas na obrigação de ainda participar com sua voz e programas. Chegou a vez do empresário Rubens Menin, que dará continuidade ao projeto, que completa 70 anos e construiu história. Pessoalmente, conheço parte dela porque a acompanhei.

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