Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

No princípio, o Maracanã

14/08/2016 às 09:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:21

O engenheiro-pensador Fernando Guedes de Mello lembrou, faz tempo, a infância em sua terra natal, Caxambu. Recordou as primeiras descobertas da política, nacional e internacional, a II Grande Guerra, o Dia da Vitória, celebrado nas ruas das cidades brasileiras, a redemocratização do país, as eleições em todos os níveis, e a vitória de Dutra à Presidência da República. A família de Fernando era UDN, e o candidato, Eduardo Gomes, o Brigadeiro. 

Bons tempos aqueles vividos pelo Brasil depois dos breves quinze anos de Getúlio presidente, com renascida esperança no futuro e plena confiança. E, agora, quando se realizam as Olimpíadas de 2016 em denso momento político, lembramos com José Antônio Lemos dos Santos, exatamente a figura de Eurico Gaspar Dutra, sucessor de Vargas.

Tratava-se de um cuiabaninho do Mundéu, que vendia bolos no centro de Cuiabá. Filho de viúva de veterano da Guerra do Paraguai, pobre, sem qualquer ajuda. Vivia o menino de lavar pratos nas lanchas e trens, mas conseguiu enfim estudar em colégio militar. Chegando ao Rio de Janeiro, após vencer desafios de toda espécie, alçou à presidência da República e trouxe para cá, sem demagogia, a Copa do Mundo de 1950. Construiu o Maracanã, o maior estádio do mundo e consolidou o futebol como uma das paixões do povo brasileiro.

Ministro da Guerra por nove anos, criou a Força Expedicionária Brasileira, que lutou pelos aliados nos campos de Batalha na Itália. Eleito por voto popular, convocou uma Constituinte, tendo a Carta aprovado o mandato de cinco anos. Declarou: “nem um minuto a mais, nem um minuto a menos do que manda o livrinho”, como denominou a Constituição. 

Dutra introduziu o planejamento no Brasil com o Plano SALTE e criou o CNPq, que é tido com a Lei Áurea da tecnologia brasileira. Implantou o conceito de produto Interno Bruto e pavimentou a primeira grande estrada no Brasil, a Via Dutra ligando o Rio de Janeiro a São Paulo.

Fundou o Instituto Rio Branco, base da qualidade de nossa diplomacia, e a Chesf –Centrais Elétricas do São Francisco. Criou o Estado Maior das Forças Armadas e a Escola Superior de Guerra, implantou os sistemas SESI, SESC e SENAI, e, durante seu governo, inaugurou a TV no Brasil. Ficou com a culpa do fechamento do Partido Comunista, na verdade uma decisão do STJ, e também por ter fechado os cassinos, que serão proximamente reabertos, pelo que se prenuncia. 

Curiosamente, quedou do Brigadeiro, concorrente à Presidência da República, após Getúlio, o doce de chocolate tão popular em festas de aniversário infantil, de que tanto gosta o engenheiro-pensador. E o que a memória guardou de Dutra?

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