Ingressamos em 2025 como navegadores portugueses ao se largarem das costas do velho continente, no século XV, para enfrentar as turbulências oceânicas em busca de novas terras e riquezas, quem sabe? Camões soube descrever em sua gigantesca obra os sentimentos e pensamentos dos navegadores seus marinheiros na tentativa de conquistas e aventuras a serem vencidas.
O mundo se encontra em meio a brumas e dúvidas de múltipla natureza. Márcio Coimbra, CEO da Casa Política e presidente-executivo do Instituto Monitor da Democracia, abre-se em um parágrafo: “Estamos diante de um inédito movimento de abalo das placas tectônicas da estabilidade internacional construídas no pós-guerra. Os níveis de democracia nunca foram tão baixos e governos antidemocráticos nunca foram tão robustos. O risco de mudança no equilíbrio mundial de forças nunca foi tão presente, em grande parte pelo perfil das lideranças que comandam importantes nações e a reorganização gerada pelos recentes conflitos. Todo este contexto se tornou peça central para entender o mundo e seu desenvolvimento geopolítico em tempos recentes”. À frente: “À medida que o ritmo da mudança acelera, o mundo parece se movimentar para uma nova mudança de paradigma. A questão é se isso acontecerá na mesa de negociação ou no campo de batalha”.
Martin Moore, em “Democracia Hackeada”, discorre sobre a tecnologia que desestabiliza os governos mundiais e também se expressa: “A desilusão crescente do público com a democracia foi vaticinada e espalhada por um conjunto cada vez maior de críticas intelectuais e convocações à reforma radical. O que estamos testemunhando, escreveu o professor de teoria política Simon Tourney em 2015, é “o fim da política representativa”, na qual as pessoas estão ignorando e subvertendo estruturas e convenções estabelecidas”.
Existe, segundo Jason Brennan, cientista político na Universidade de Georgetown, “o renascimento da epistocracia, ou o governo exercido por especialistas políticos. A democracia passa por um momento crítico, um ponto de inflexão, uma crise existencial”.