Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Nosso tempo sombrio

Publicado em 15/01/2025 às 06:00.

Ingressamos em 2025 como navegadores portugueses ao se largarem das costas do velho continente, no século XV, para enfrentar as turbulências oceânicas em busca de novas terras e riquezas, quem sabe? Camões soube descrever em sua gigantesca obra os sentimentos e pensamentos dos navegadores seus marinheiros na tentativa de conquistas e aventuras a serem vencidas.

O mundo se encontra em meio a brumas e dúvidas de múltipla natureza. Márcio Coimbra, CEO da Casa Política e presidente-executivo do Instituto Monitor da Democracia, abre-se em um parágrafo: “Estamos diante de um inédito movimento de abalo das placas tectônicas da estabilidade internacional construídas no pós-guerra. Os níveis de democracia nunca foram tão baixos e governos antidemocráticos nunca foram tão robustos.  O risco de mudança no equilíbrio mundial de forças nunca foi tão presente, em grande parte pelo perfil das lideranças que comandam importantes nações e a reorganização gerada pelos recentes conflitos. Todo este contexto se tornou peça central para entender o mundo e seu desenvolvimento geopolítico em tempos recentes”. À frente: “À medida que o ritmo da mudança acelera, o mundo parece se movimentar para uma nova mudança de paradigma. A questão é se isso acontecerá na mesa de negociação ou no campo de batalha”.

Luiz Carlos Azedo, periodista conceituado, também se manifesta: ”A situação se complicou com a eleição de Donald Trump, que tomará posse no próximo dia 20 e deve acelerar as mudanças políticas em curso no mundo. Nada será como antes. As declarações do novo presidente anunciam grande distopia: tomar de volta o Canal do Panamá, anexar o Canadá, comprar a Groenlândia, sobretaxar os produtos mexicanos, mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, expulsar os imigrantes latinos, anistiar os invasores do Capitólio, que, sob sua liderança, tentaram impedir a diplomação de Joe Biden”.

Martin Moore, em “Democracia Hackeada”, discorre sobre a tecnologia que desestabiliza os governos mundiais e também se expressa: “A desilusão crescente do público com a democracia foi vaticinada e espalhada por um conjunto cada vez maior de críticas intelectuais e convocações à reforma radical. O que estamos testemunhando, escreveu o professor de teoria política Simon Tourney em 2015, é “o fim da política representativa”, na qual as pessoas estão ignorando e subvertendo estruturas e convenções estabelecidas”. 

Existe, segundo Jason Brennan, cientista político na Universidade de Georgetown, “o renascimento da epistocracia, ou o governo exercido por especialistas políticos. A democracia passa por um momento crítico, um ponto de inflexão, uma crise existencial”.

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