Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Novo canal do Panamá

Publicado em 02/05/2023 às 06:00.

A notícia parecerá nova para milhões de pessoas. E há razão. Seu conteúdo é inédito para elas, que não leram antes, muitos decênios antes. Trata-se da construção de uma mega estrada, com 2.200 quilômetros, ligando os oceanos Pacífico e Atlântico. 

Deste modo, ligará o Brasil ao Chile, desde Santos, nosso maior porto marítimo, a Antofagasta, já Pacífico, passando pelo Paraguai e Argentina. Graças a esse projeto fantástico, mas perfeitamente realizável, a realidade econômica da América do Sul se transformará. Para melhor.

E a ideia é mais ambiciosa: haverá uma ferrovia paralela, que contribuirá para mudança ansiosamente sonhada pelos que veem longe e com esperança. Chega-se a afirmar que o duplo empreendimento será uma espécie de Canal do Panamá, que mudou mais que a geografia. 

Só a rodovia facilitará o transporte de gado e produtos de exportação para os portos do Atlântico e Pacífico, beneficiando fazendeiros e camponeses, reduzindo a logística em até 25% para exportações aos mercados da China e da Índia, os países mais populosos do mundo. 

Os governos dos países envolvidos no projeto demonstraram apoio, incluindo o presidente paraguaio Mário Abdo, que afirmou que a rodovia reduzirá em cerca de 25% os custos de logística para o setor produtivo. 

A rodovia passará por áreas como o Gran Chaco, no Paraguai, abrigando diversas espécies de animais e plantas. Falta, em verdade, disposição sincera e decisiva para empreendimento, já que as nações da América do Sul seguem enfrentando suas disputas e mazelas políticas, mesquinhas em grande parte, em prejuízo de seu futuro e do futuro de seu povo.

Claro que, para se passar do terreno do sonho ao da realidade, também têm de agir os setores produtivos e empresariais regionais, que ainda não se motivaram para tão magno desideratum. Ter-se-á, quem sabe, de apelar para a pertinácia e suprema vontade de um Ferdinand de Lesseps, francês, diplomata, de quem partiu a iniciativa de Suez mesmo enfrentando a frieza da Inglaterra. Levantou ele 300 milhões de francos, com que deu partida à consumação de seu ideal, lá pela metade do século XIX. Vencedor naquela parte do mundo, finalmente acedeu ao chamamento do outro lado do planeta e incentivou a abertura do canal de Panamá, nas Américas. 

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