Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O 21 de Abril

20/04/2021 às 17:15.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:44

Mais um 21 de Abril, lembrado por segmentos do povo deste país como particularmente apropriado ao descanso em pleno torvelinho das atividades laborais. Mas é, antes e acima de tudo, uma data da maior importância na história brasileira, mormente para Minas, cenário dos acontecimentos, e os mineiros, seus protagonistas. 
Elogiado por Kenneth Maxwell, o mineiro de Belo Horizonte, ora residente na Suíça, Lucas Figueiredo, pormenoriza as horas finais de Joaquim José, em seu “O Tiradentes”. Uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier, edição da Companhia das Letras.

Numa terça-feira de abril de 1792, soldados fortemente armados percorreram cinco prisões do Rio de Janeiro, levando consigo os membros da conjuração ainda vivos para Sala do Oratório, na Cadeia da Relação. Dos 31 presos levados, apenas 11 chegaram à Sala, entre os quais o Tiradentes, após dois anos, 11 meses e sete dias na prisão, devastado, “um farrapo dócil, um autômato”. 

Rio de Janeiro em polvorosa, começou-se a erguer uma nova forca no Largo da Lampadosa. Houve um porém. O defensor, Dr. José de Oliveira Fagundes, pediu aos magistrados presentes o direito de recorrer da sentença. A Alçada vetou o pedido da defesa. Fagundes não se conformou e contestou a sentença à própria Rainha, D. Maria I. Foi-lhe dada meia hora para apresentar o recurso.

Finalmente, a palavra decisiva: os cinco réus eclesiásticos iriam para Portugal, os demais teriam a pena de morte comutada para prisão perpétua, mantendo-se a execução de Tiradentes, que pregara “a revolução publicamente”.  Para ele, e só para ele, a sentença de morte. 

Em 21 de abril de 1792, um sábado, o dramático epílogo consoante, minuciosa descrição de Lucas Figueiredo.  Na sala-cela do alferes, entraram os frades franciscanos, que deram a Tiradentes a veste usada pelos condenados à forca, ele o único. Apenas uma túnica branca. Observando o costume, o algoz pediu perdão ao condenado e, em seguida, este lhe beijou os pés. Continuou o ritual macabro e o réu se deslocou em passos rápidos para o sacrifício. Era o pior de um sonho,  que virara pesadelo. O que pouco se sabe e se propaga: o advogado de Tiradentes teve seus honorários pagos pela Santa Casa do Rio de Janeiro.

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