Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O Brasil caminha

Publicado em 17/08/2022 às 06:00.

O título é “O romancista que não matou Brizola”, livro assinado por Edmilson Caminha, contendo artigos e crônicas, que exigem tempo e atenção do leitor, já acostumado à útil convivência com o escritor, jornalista e professor, nascido em Fortaleza, Ceará, é claro.

O que Caminha escreve agrada aos sentimentos e espírito. Elucidam, esclarecem, permitem julgamento dos fatos descritos, como na publicação da Sarau das Letras Editora, de Mossoró, RN, neste 2022 que evolui para ocaso. São dezenas de temas com numerosos episódios e personagens, inclusive a que serviu de título: Oswaldo França Junior, piloto da Aeronáutica, que conheci quando trabalhava na Manchete, foi um dos incumbidos de atacar o palácio do governo, em Porto Alegre, durante a ditadura militar, a fim de eliminar Leonel Brizola, líder do movimento de enfrentamento dos contrários ao movimento dos generais rebeldes de 1964.

Homem de seu tempo, como está na orelha, Edmilson Caminha não se cala diante do Brasil deste nosso tempo. Diz o texto que o bicentenário da Independência, em 2022, prevê eleição que poderá ter significado histórico para a política brasileira. E é verdade, permitindo-nos ou obrigando-nos, a todos, a nos manifestar, sobre a campanha que se desenvolve e como se revelam os candidatos, no cenário polarizado e extremamente delicado; ou ameaçador.

O novo livro de Edmilson não é para biblioteca, para onde irá depois. Neste momento, expõe imparcialidade na opinião e poderia ser comentado com as frases iniciais: “Penso no Brasil dos últimos cem anos, e duas frases me ocorrem. A primeira, com a lucidez aguda de Nelson Rodrigues: “Subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos”; a outra, com o cinismo irônico de Delfim Netto: “Estamos passando por um século muito difícil...”, como se não fosse ele corresponsável pelo que ainda hoje nos faz sofrer o golpe de 1964”.

Ditas e repetidas as declarações, achadas conforme ou não, cumpre-se o dever cívico e saudável de passar à leitura, aprazível e esclarecedora da nova e preciosa obra do autor cearense. Nada de perder tempo, porque Edmilson nos reserva inclusive revelações relevantes, como as referentes ao Dicionário do Aurélio, que não se trata de criação única e exclusiva do mestre Buarque de Holanda.

A menos de sessenta dias para o pleito, os fatos e os conceitos que sugerem servem incontestavelmente para julgamento de acontecimentos de agora e poderão influir no sentido de se votar com segurança de escolher os melhores para os dias turvos que atravessamos.

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