Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O Dia 7

Publicado em 06/09/2022 às 06:00.

Regozijamo-nos, os da geração presente, por sermos partícipes das comemorações do sétimo dia de setembro, quando se festeja o bicentenário da Independência do Brasil. Eram transcorridos 522 anos da chegada ao território do Novo Mundo, em que se fundaria uma nação nova, a frota de Cabral - a frota de Cabral era composta por nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos. O que diferenciava uma embarcação da outra era o formato das velas e o tamanho: enquanto as caravelas mediam 22 metros de comprimento e transportavam até 80 homens, as naus podiam chegar a 35 metros e tinham capacidade para 150 tripulantes.

Necessários, pois, mais de 500 anos para que os novos habitantes da terra pudessem julgar-se aptos a assumir a grave missão de sobreviver sem o jugo da nação europeia.

Era de esperar-se que, no dia 7 do nono mês deste 2022, que nossas cidades, que se contam aos milhares, apresentassem o aspecto da mais exaltada alegria e entusiasmo, que a tudo e todos trajassem com gala e que os sinos das catedrais e demais igrejas soassem em tangeres que advertissem tratar-se de uma data única desde 1500.

O coração de Pedro, por especial deferência, foi transportado desde o Porto para o Brasil para juntar-se simbolicamente aos ossos depositados no Museu do Ipiranga-SP. O coração, mantido num monumento-relicário, se destaca no recolhimento da grande nave da Igreja da Lapa, Portugal, próximo ao altar-mor. É um elegante mausoléu, encimado por uma urna lacrimal e assentada sobre um sarcófago de estilo grego, construído em granito proveniente das pedreiras em que combateram os soldados fieis a Pedro, na grande luta contra o irmão D. Miguel.

Os historiadores e a imprensa não falharam. Farto material se disponibilizou entre os interessados. O coração do primeiro imperador voltará a Porto, mas ficarão marcas inesquecíveis dos dias aqui passados.

A Independência não confere, automática e imediatamente, a liberdade. Depois do dominador ou colonizador pode suceder uma dominação estrangeira ou daqueles outros grupamentos, não melhores do que a anterior.

A liberdade tem raízes mais profundas e não se conquista e se estabelece pela conquista do poder público. Esta é a lição que a história nos alega com o 7 de setembro de 2022. Oxalá todos entendam.

O povo brasileiro não é propriedade de A ou B, não há dominados e dominadores.

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