Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O fantasma da seca

01/06/2021 às 19:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:04

O Brasil já está com o menor nível de chuvas desde o início da série histórica em 1931, há 90 anos. Nós, que somos do Norte de Minas, temos de preocupar-nos, porque se trata de uma região que, especificamente, muito sofre com a seca.

O ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, declarou recentemente que o governo tem condições de garantir a segurança energética do país este ano, mas que será necessário adotar medidas excepcionais, como, aliás, já se começou. Disse ainda que será exigida bastante atenção dos agentes públicos, para evitar o agravamento com o consumo excessivo, porque os reservatórios das hidrelétricas estão em níveis preocupantes.

Outro aspecto é que já se começou a acionar as termelétricas, o que representa aumento do valor das contas de água e luz. No Sul, já estamos “importando” energia da Argentina e do Uruguai para adiar o risco de colapso.

Verdadeiramente, já estamos padecendo as consequências da seca, que inquieta o Norte de Minas, inclusive com multidões que desciam no Nordeste, para fugir aos transtornos e dores da falta de água. É algo doloroso não resolvido, muitas vezes uma tragédia.

Para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) Matheus Peçanha, a expectativa é que os impactos da seca na alta dos preços continue por longo prazo. Com a falta de chuvas em todo o país, a tendência é que o plantio continue atrasando, dificultando a produção. “A estiagem tem impactado vários produtos em diferentes etapas. Na questão dos produtos in natura, os efeitos são mais imediatos, mas esse impacto pode se alargar com o tempo, como no caso do preço do etanol e da carne, que tem um ciclo de maturação de dois anos. Então, os efeitos da seca ficam por mais de um ano”, destaca.

A seca, segundo o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem explicação: 2020 foi um ano atípico. E as consequências da falta de chuva prometem intensificar o período de estiagem. “As frentes frias não atingiram com muita intensidade o Sudeste do Brasil. Então, acabou não chovendo muito no verão. A tendência é que, com o baixo índice na média de chuvas que ocorreu, o período de estiagem possa se agravar”.

Evidentemente se espera que o grande empreendimento de extração de minério de ferro na região de Grão Mogol, cujo mineroduto passa por ali, tão importante para a região, não prejudique o fornecimento de água às comunidades locais. Quem conhece as dificuldades atuais no abastecimento de água à população já pensa no agravamento da situação, embora os investidores informem que já se previu o problema de modo até a amenizá-lo ou contê-lo. 

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