Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

O jogo dos bandidos

11/08/2016 às 17:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:18

Seguem as disputas na Olimpíada de 2016, realizada no Brasil com muita honra e elevadíssimos custos. A imagem que corre lá fora, pelas televisões de todo o mundo, é de beleza incomum, a despeito de falhas, naturais em empreendimentos de tamanha grandeza.

Agosto, dos Jogos Olímpicos, é também o dos catopês, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, minha cidade natal. São espetáculos populares, incluídos entre as mais queridas tradições locais. As reportagens sobre estes eventos não aparecem, por motivos óbvios: há os maiores e mais relevantes, como se comprova.

Muitos milhares de agentes de seguranças se esmeram para garantir a boa ordem dos embates esportivos no Rio de Janeiro e para que o público, internacional, encontre a devida proteção e possa apreciar toda a beleza de uma cidade realmente maravilhosa, do ponto de vista da paisagem, embora delitos se registrem. Não se esperava outra coisa.

Nos pequenos burgos, porém, até em cidades de importância, a bandidagem aproveita a ensancha oportunosa. Caixas bancários são dinamitados, os pequenos comércios são alvo de reiterados assaltos, os crimes contra a vida se multiplicam. Nos grotões, o dispositivo policial, de um cabo e dois soldados, arrisca a vida para defender o patrimônio público e privado. 

O tráfico desafia autoridades, o bem comum e a propriedade particular. Mortes que poderiam ser evitadas se sucedem, enquanto se multiplicam os assaltos a carros fortes, sem que sequer se saiba o volume do roubo.

No Rio Grande do Norte, mais de mil homens do Exército reforçam o patrulhamento ostensivo para “tentar” coibir os ataques por facções criminosas em Natal e cidades interioranas.

Em seguida, vieram os fuzileiros da Marinha. Na capital, o transporte coletivo está prejudicado, porque parte da frota foi destruída. Noites e madrugadas de terror causam inquietação e até pânico. 

Curiosamente, o tumulto e novos crimes são dirigidos por bandidos da penitenciária de São Luís, por não concordarem com instalação de bloqueadores de celulares em presídios.

Eles seguem tomando conta. 

Nordeste em chamas? A sede da Procuradoria da Fazenda nacional, em Recife, foi parcialmente destruída. Criminosos explodiram, pela madrugada, com um aparato poderoso, às instalações do órgão, entrando a Polícia Federal em ação. O terminal de autoatendimento foi aberto com explosivos. 

Esta uma síntese da situação no país, enquanto se discute a continuação do processo de impedimento da presidente e se conferem os resultados da Olimpíada. A mídia apelidou a ação dos delinquentes de “a volta do cangaço”. É muito mais. 

Os tempos de Virgulino, o Lampião, e seus companheiros de aventura no Nordeste ficaram mortos e sepultados de vez. As quadrilhas estão bem organizadas. Agora, existem mais rápidos e eficientes meios de destruição daquilo que pertence aos cidadãos e à sociedade. E há, também, muito mais estímulo, porque as drogas patrocinam e incentivam o crime. Além do mais, com celulares e outros instrumentos de comunicação, tudo se processa mais rápido e com eficácia.

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