No dia 11 de outubro exatamente, publicou-se aqui “O mistério de Julien Rien”, em que comentávamos sobre a existência, em Belo Horizonte, de um parque com mencionado nome. Daí, a natural pergunta: “Quem foi o patrono da grande região de proteção ambiental no entorno da Serra do Curral, em privilegiada localização numa das belas paisagens incluídas na zona urbana?“.
Contei, então, da peregrinação em busca da resposta à indefectível pergunta: Quem foi Julien Rien? Nada de esclarecimento, nem na Amoran (Associação dos Moradores do Anchieta e Cruzeiro). O jornalista Carlos Alberto Rocha, da entidade, porém, prometeu pesquisar nos arquivos antigos e dar-nos resposta. Cumpriu. Dias depois, chegaram as informações possíveis, a primeira das quais que, nos documentos da associação, nada existia, mas que apuraria em seus arquivos pessoais. Lembrava que, aos 13 anos, estivera presente à inauguração do “parquinho”, como era identificado o logradouro.
“O prefeito era Maurício Campos. Lembro perfeitamente que, enquanto ele lia o discurso, o vento virou a página que acabara de ler e, sem notar, fez a mesma leitura pela segunda vez, repetindo todo o texto. Acho que só eu reparei”. Sem quase nada mais a acrescentar, Carlos Alberto comentou que Julien teria sido um urbanista que participara do projeto de construção da capital, o que não estava documentado. “Por isso, permanece no campo do achismo, ainda que eu tenha convicção dela”.
Deste modo, o signatário do presente artigo/crônica enveredou por outras fontes. Pesquisa dá trabalho e exige paciência como doente em hospital. Chegou deste modo à conclusão de que o nome do paraninfo do Parque estava grafado equivocadamente. Era Julien Rient, engenheiro de terceira classe da Comissão Construtora da nova capital.
Em 17 de outubro de 1896 – são decorridos 120 anos – ele foi licenciado, através de um aviso oficial, sem vencimentos e sem prazo, assim como outros 28 funcionários, com possibilidade de recuperar o lugar proximamente. Motivo: estavam chegando as chuvas e Francisco Bicalho, engenheiro-chefe, achara mais indicado liberá-los do contingente de “pessoal técnico e administrativo”. Fê-lo. Com elogio a todos, justificou que com o inverno as obras seriam muito prejudicadas ou interrompidas, sendo dispensável sua colaboração naquela hora e circunstâncias.
O parque está em local excepcional e, por sua altura, permite vislumbrar a excelente paisagem de Belo Horizonte, que seus construtores não tiveram o prazer de ver.
Verifico que o quadro de pessoal da Comissão Construtora foi aprovado pelo engenheiro Aarão Reis (por sinal, nascido na ilha de Marajó), a que se subordinava Francisco Bicalho. Seu Escritório Técnico, a que pertencia Rient, tinha como primeiro engenheiro Hermilio Alves, nome de rua em Santa Tereza, BH. As funções de Rient não são descritas no livro “História Média”, da obra extensa e preciosa do diamantinense Abílio Barreto, peça fundamental ao conhecimento da história da capital.