Nascido no Reino Unido, Martin Moore não é tão conhecido e lido no Brasil como merece. Diretor do Center for the Study of Media, Communication and Power e conferencista sênior do Departamento de Política Econômica da Faculdade King’s College de Londres, foi diretor-fundador da instituição beneficente Media Standards Trust, onde recebeu os prêmios Knight News Challenge e Prospect Think Tank. Escrevendo exaustivamente sobre meios de comunicação e políticas públicas, vive em uma fazenda em Oxfordshire.
No Brasil, acaba de ser editado pela Hábito, de Guarulhos, SP, o seu livro “Democracia Hackeada”, em que mostra como a tecnologia desestabiliza os governos mundiais. Em resumo, ele afirma que a política saiu dos palanques e dos espaços reservados, como palácios, congressos, senados e afins, passando às mãos das pessoas conectadas, o que não é necessariamente bom.
Elis Petruceli Lage, jovem diplomada em Direito pela austera Faculdade que integra a Universidade Federal de Minas Gerais, filha dos conceituados jornalistas Julieta Petruceli e Otacílio Lage, teve a gentileza de presentear-me com um exemplar.
Pelas suas páginas, úteis e atuais, Moore pondera que Facebook, Google e Twitter (que mudou de nome) é onde nossa política acontece enquanto se burlam processos democráticos e se convertem redes sociais em campos de batalha. Mas é sobremodo curioso o fim do agradável volume do autor inglês.
Como a esposa viajara, Moore precisava preencher o lar com algo novo e valioso. Assim, reuniu os filhos e foi a um lugar onde se vendiam porquinhos, pensando em uma linda maneira de passar o tempo. Chegou, porém, à conclusão de que teria de parar de plantar no local onde Pig-pig (como o animalzinho foi batizado) habitaria. Ele meditou: “Um detalhe impede que eu me arrependa por completo da compra de Pig-pig. Existem poucas coisas mais sólidas na vida que uma porca. Ela está quase tão distante do mundo virtual quanto possível. Para gente como eu, que se perde em meio a preocupações com o nosso futuro político na era das plataformas superpoderosas, das campanhas políticas fomentadas por inteligência artificial e o Estado alimentado por dados, recomendo que providencie uma porca. Poucas coisas conseguirão trazê-lo de volta à terra mais rápido. Um agradecimento final vai então para Pig-pig”.