Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Os fatos como são

16/06/2016 às 07:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:55

Em comentário anterior, teci considerações sobre Fernando Yanmar Narciso, que mantém até o dia 20 a exposição Cores & Nomes, no Ateliê Galeria Felicidade Patrocínio, num aprazível ponto de beleza, cultura e arte em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O jovem artista, considerado de mão cheia por Artie Oliveira, que omitiu opinião por conhecer e poder expressar-se sobre talentos. Por erro meu, saiu trocado em crônica anterior o nome do artista plástico, autor de álbuns de fotos, vídeos, textos, poemas e visualizações.

Autor de “Um Dia Qualquer”, Fernando se manifesta em livro sob determinados fatos que surgem frequentemente nos meios de comunicação, retratando a época complexa em que vivemos. Uma das marcas desta hora é a ênfase sobre segregação. “O autor observa que só se chamar alguém de diferente” já propaga o preconceito.

Outra ênfase: tudo se torna motivo para usar-se a palavra orgulho: “Se você é pobre no Brasil, há o conceito um tanto estranho de que devemos ter orgulho de não ter nada, que devemos ser felizes na pobreza. É claro que essa mentalidade levou à criação do socialismo e ao surgimento da luta de classes em séculos passados, que continuam de certo modo vivos hoje em dia. “Quem bate cartão não vota em patrão”.

Em defesa de posições pessoais e de grupos, organizam-se movimentos e paradas de “orgulho”. “Todo dia aparece alguma novidade, como a Parada de Orgulho Gay ou o ridículo Dia da Consciência Negra, ou algum outro feriado que sublinarmente dissemina o ódio a todos que os reprimem há gerações. Isso sem falar no Dia Internacional da Mulher, no Dia do índio ou da tentativa frustrada de Aldo Rebello de implantar o Dia do Saci Pererê como substituto do Halloween”.

Verdadeiramente tais manifestações, sob o escopo de combater as diferenças, acabam por advertir para sua existência e torná-las mais visíveis e flagrantes. O escritor resolve apelar e tem razões: “Por que não radicalizar de vez? Já que o Dia da Consciência Negra prega o orgulho da afrodescendência, da independência, da nipodescendência. E, separando ainda mais, faremos os Dias da Consciência Maneta, da Consciência Perneta, da Consciência Anã e, se sobrar calendário, da Consciência Gêmea Siamesa”.

Temos gasto muito tempo e espaços na mídia com eventos dessa natureza. Para Fernando, devia-se convocar uma Passeata do Orgulho Ateu porque todos têm o direito de não acreditar em nada. E “que ocorra de fato a passeata do Orgulho Hétero todos os anos, pois não precisamos engolir a correção política desses tempos modernos.

Que tal uma Passeata do Orgulho Obeso Mórbido? Seriam toneladas de indignação! E, para rebater, poderiam fazer uma Passeata do Orgulho da Barriga de Tanquinho. Mas, acima de tudo, que coloquem no calendário o Dia da Consciência Burra, Preconceituosa e Retrógrada. Sim, pois até aqueles que não respeitam ninguém têm direito a algum respeito...” 

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