Atrasei no registro, mas a ele não falto. Primeiro para dizer da satisfação com que a Academia Mineira de Letras recebeu dois ilustres novos membros: Paulo Beirão, médico, cientista e professor, nascido no São Lucas Hospital, como contou; e Ana Cecília Carvalho, mestre em psicologia e doutora em literatura comparada. Ele, empossado em quatro de julho; ela eleita em 19 de agosto, ambos merecedores dos votos que lhe foram confiados e de amplos elogios do presidente Jacyntho Lins Brandão. E deu antecessor na Casa, acadêmico Rogério Faria Tavares.
O professor Beirão declarou, na posse, que seu ingresso na entidade é “um manifesto em favor da ciência e da divulgação do conhecimento científico”, num país em que “a tarefa de fazer ciência é difícil”, por existirem várias coisas conspirando contra. “Possuímos bons cientistas, mas as condições de trabalho são muito precárias, principalmente porque não há regularidade e previsibilidade. Um projeto de pesquisa dura anos. E para isso precisa ter um financiamento previsível. É preciso ter uma estrutura que garanta que aos bons projetos tenham permanência”.
Ana Cecília Carvalho, a sua vez, tem uma extensa e rica biografia no campo a que se dedica, tendo sido professora de psicanálise no Departamento de Psicologia da Fafich-UFMG até 2009, quando se aposentou.
A escritora recebeu, entre outros prêmios literários, Brasília de Literatura 1991 e, por duas vezes, o Prêmio Cidade de Belo Horizonte (1975 e 1985). Seus textos de ficção e artigos acadêmicos têm sido publicados em antologias, suplementos literários e revistas especializadas.
Entre os livros de sua autoria estão: A poética do suicídio em Sylvia Plath (Editora UFMG, 1ª ed. 2003; 2ª ed. 2023); Os mesmos e os Outros: o livro dos ex (Quixote + do, 1ª ed. 2017; 2 ª ed. 2019; 3ª ed. 2022); O foco das coisas & outras histórias (Quixote +. Do, 2019); A memória do perigo (Quixote + Do, 2019); O livro neurótico de receitas (Ophicina de Artes & prosas, 2ª ed. 2012), Uma mulher, outra mulher (Ed. Lê, 1993). É coorganizadora dos livros Estilos do xadrez psicanalítico: a técnica em questão (Ed. Imago, 2006); Universidade e psicanálise: um espaço de interlocução (Ed. Zagodoni, 2019); Universidade e psicanálise: a escrita das psicanalistas (Ed. Zagodoni, 2023).
Ano passado, Ana Cecília estreou na literatura infantil junto da neta, Stella Valente, de oito anos. As duas lançaram “O mundo das fitinhas perdidas” (Pangeia Editorial), que, emulando o clássico “Chapeuzinho Vermelho”, de Charles Perrault, narra a história de menina perdida na floresta depois de desobedecer à avó. Em vez de seguir pelas ruas da cidade, ela decide voltar para casa pelo bosque.