Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Os novos tempos

Publicado em 16/07/2024 às 06:00.

Naremdra Modi foi empossado como primeiro-ministro da índia na primeira quinzena de junho, assumindo seu terceiro mandato consecutivo. A cerimônia, no Rastrapati Bhavan, em Nova Delhi, contou com a presença de milhares de dignitários, inclusive líderes regionais, astros de Hollywood e empresários que são apenas indianos.

Modi é o segundo líder, depois de Jawahardal Nehru, a conquistar um terceiro mandato consecutivo. E citando o nome de Nehru, lembramos os primeiros tempos da Índia pós- Gandhi, evidentemente libertos da colonização britânica.

Nem tudo, porém, mudou completamente dos tempos ingleses. O recente resultado foi considerado um revés, pois as pesquisas apontavam uma vitória maior. Por outro lado, o governo enfrenta desafios internos como a falta de empregos, altos preços, baixos rendimentos e as divisões religiosas. Mas Modi quer serenidade, como enfatizou com tom conciliatório após o pleito, ressaltando a importância  da maioria para governar o país.

Roberto Brant, conhecedor da matéria em profundidade, também sentia o que vem acontecendo no mundo. Para ele, 2024 está se mostrando uma grande vitrine da democracia, quando e onde se realizaram eleições: na Índia, no Reino Unido e na França. Mas em países de regime autoritário, como Rússia e China, é como se nada estivesse acontecendo.

Diz o articulista: “Lá reina a paz dos cemitérios e qualquer voz que se eleva é logo silenciada, às vezes para sempre. Nas democracias, ao contrário, reina o vozerio e o movimento, porque a população é livre para eleger ou derrotar os governos sem temer pela sua vida, seus bens ou sua liberdade”.

Os resultados das eleições nas nações democráticas levam a conclusões semelhantes. Assim, em nenhuma parte, a maioria da população está satisfeita com a situação em que vive e com o governo no poder. A evolução da economia capitalista combinada com as novas tecnologias de informação trazem grandes mudanças na vida das pessoas e os sistemas políticos se tornam anacrônicos.

Não é só. As esferas da vida econômica e social e a da política estão muito separadas, situadas em planos diferentes. A solução seria adaptar às mudanças da vida real os sistemas de reformas. Aí mora a questão central: os políticos em toda parte prometem mudanças fundamentais, menos do sistema que os elege.

Consequência: da dissonância resultam o descontentamento com os governos, estendendo-se até a democracia, coitada!         

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por