Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Palavras apenas

Publicado em 10/07/2024 às 06:00.

O nível das declarações dos políticos brasileiros caiu terrivelmente no decorrer dos anos mais recentes. Basta ouvir - quem tenha paciência - o que se propala por rádios e televisões, mesmo na Imprensa impressa. Está em moda linguajar tacanho, das mesas de botequins e até das casas de prostituição, em algumas oportunidades. 

Temos exemplo: o presidente da República que aí está disse que quem aposta na valorização do dólar em relação ao real vai “quebrar a cara”, uma expressão vulgar e desgraciosa. A declaração foi feita no dia 27 de junho, na 3ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, mais conhecido como Conselhão, no nobre ambiente do Itamaraty. 

S. Ex.ª observou que a alta do dólar se devia à forma “cretina” como as informações são apresentadas por veículos midiáticos. Evidentemente, não poderia deixar de culpar os veículos de comunicação pela elevação da cotação da moeda norte-americana. Ele, o presidente, declinou o nome de alguns comentaristas, embora alguns deles certamente tampouco prezem muito um vocabulário mais ameno e respeitoso.

O presidente afirmou com certa dose de razão: “Quando eu terminei a entrevista, as manchetes de alguns comentaristas eram de que o dólar subiu pela entrevista de Lula. Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. Este mundo perverso, das pessoas colocarem para fora aquilo que querem sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim”.

Na sequência, acrescentou: “pode ter certeza: quem tiver apostando derivativo (que tenham como referência a moeda dos EUA para o mercado futuro) vai perder dinheiro nesse país. Eu já vi isso em 2008. As pessoas que achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”. 
 Bem verdade que o antecessor, Jair, não era primor de linguagem. Havia momentos que suas explosões ou simples comentários pareciam briga de soldados mal-educados. O baixo teor das falas e o vocabulário não era dos que as pessoas que se respeitam usam. Mas enfim educação não está no desempenho de todos.

Quanto ao problema da disparada do dólar em meio à tensão política, só nos restou aguardar os seguintes dias. Muita água correu sob a ponte, enquanto o chefe do governo insistia em criticar duramente o presidente do Banco Central, Campos Neto. Como se portará lula, quando o comitê do BC liberar  a próxima Selic? Haverá lágrimas e ranger de dentes ou tudo ficará como dantes?

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