Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Panorama sombrio

Publicado em 03/09/2022 às 07:00.

Seria ótimo que nesse bicentenário da Independência do Brasil, a maior nação do hemisfério Sul das Américas desse uma inequívoca demonstração de maturidade nas eleições programadas. Cerca de apenas um mês separa as duas datas e o único país em que se fala a língua portuguesa mostraria que é grande não apenas em dimensões territoriais. O coração de Pedro I que aqui está se exultaria, mesmo em silêncio, pelo acerto de sua decisão no Ipiranga, em 7 de setembro de 1822.

Seria uma belíssima oportunidade para que os brasileiros, de todos os rincões, se rejubilassem por provar que o tempo de mando de ditadores ou homens fortes que recorreram à força ou a manobras oportunistas para impor suas decisões, é coisa do passado. Imagine-se como seria grandiosa uma manifestação desse teor que influiria positivamente nas definições do futuro e das gerações futuras.

Estudioso dos tempos pretéritos, o jornalista e escritor Carlos Taquari, que exerceu e exerce a profissão em grandes veículos de São Paulo, com missões em outros países, observa que a Venezuela detém recorde de tempo passado sob o governo de caudilhos, mais de um século, em verdade. A Bolívia coleciona o maior número de golpes militares, e hoje há bolivianos dispersos por todo o hemisfério para fugir das insânias e sofrimentos que na pátria padeciam.

A América Latina sofre com os efeitos e consequências de diretrizes das nações europeias colonizadoras. Sofre, e muito. Mas as nações colonizadas não fizeram por menos, como se constata e prova.

O mesmo autor se refere também a outras nações e aos governos que as estigmatizaram pesadamente. É o caso do México, que ostenta o pérfido título de aquela em que um partido político ficou maior tempo no poder em prejuízo para seu povo. O Chile varia com dirigentes de vária posições ideológicas e em detrimento dos interesses  de seus cidadãos. De Cuba, não se precisaria rebuscar no passado porque sua crônica perversa segue em nossos dias. A Argentina se destaca pelo número de mortes e prisões resultantes de sua repressão política, não se precisando referir aos graves problemas econômicos destes anos recentes e até hoje.

Nem sequer chegamos às pequenas repúblicas da América Central. Não há limites para a tirania e a opressão. Setembro de 2022 no Brasil constitui uma oportunidade inigualável para comentar e criticar, condenar com veemência.

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