Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Perscrutando a história regional

31/03/2016 às 19:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:43

Maior do que a França, com praticamente 600 mil quilômetros quadrados de superfície, Minas Gerais é um Estado cuja história não é tão conhecida, como deveria, mesmo percorrido por expedições procedentes da Bahia e São Paulo, desde a segunda metade do século 16. Poder-se-ia dizer que ainda falta descobrir Minas Gerais.

A partir do século 17, sertanistas como Fernão Dias começaram a penetrar imensas regiões, enfrentando os índios e as dificuldades naturais. Eram homens que não recuavam diante de nada. O bandeirante de Taubaté chegou a mandar enforcar o filho mameluco José Dias, ao suspeitar que conspirava contra seu domínio. 

Tudo era extremamente precário e sacrificante, ao ponto de Antônio Rodrigues Arzão, que encontrou ouro no sertão de Caeté, em 1687, reclamar ter descoberto o metal “por aquelas veredas... sem ferramenta alguma de minerar”. Não só distâncias enormes, índios, febres, também os grupos rivais.

Havia ainda o rigor da Coroa contra os caçadores de riquezas, que as queria predominantemente para Portugal. O Marquês de Pombal avaliou que, até metade do século 18, “quase mil milhões de cruzados renderam as “minas do Brasil”, sendo Minas Gerais seu principal produtor e eixo de economia.

Sem embargo, um território fabuloso, que se viu transformando pelos governos, ao longo dos séculos, no vale da pobreza, da dor e da desesperança. Viu-se ignorado por estudiosos e historiadores, embora notáveis entre os que mais o fossem, e o percorreram. Refiro-me às regiões dos rios Jequitinhonha e Araçuaí, no Norte de Minas, hoje lembrados simplesmente por sua música, seu folclore e rico artesanato. 

Vozes autênticas daquele pedaço de Brasil se esforçam para registrar a verdadeira e heroica saga da conquista. Poderia recordar nomes ilustres que dão grandeza à sua história. Cinjo-me, contudo, nesta oportunidade, a um cidadão baiano, transferido à cidade polo para instalar uma oficina que lança luzes sobre cidades e municípios, aparentemente pequenos, mas de preciosa expressão, considerados seus valores. 

Assim é Dário Teixeira Cotrim, de rica biografia, que se dedica com pertinácia a elaborar a crônica que falta. Recentemente, lançou dois livros: “Memórias Históricas de Juramento” e “Memórias do Município de Virgem da Lapa”. Ambos no Médio Jequitinhonha, localizam-se na microrregião de Araçuaí, que agrupa oito municípios, entre os quais Também Araçuaí, Caraí, Coronel Murta, Itinga, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso e Ponto dos Volantes.

Membro dos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros, Academias Montes-clarense de Letras e Maçônica de Letras do Norte de Minas (e estes são apenas alguns títulos), Dário Teixeira Cotrim presta, deste modo, excelente serviço ao Norte e Nordeste do Estado.

Prefaciados pelo escritor Wanderlino Arruda, seu companheiro em entidades literárias, as novas publicações de Dário servem para explicar a sedução que aquelas terras e aquelas gentes exercem em quantos as conhecem.

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