A advogada Patrícia Punder, CEO da Punder Advogados, em recente artigo para diário da capital, comenta crises políticas, econômicas e sociais em várias regiões do mundo, atribuindo ao fato a intensificação das desigualdades sociais. Escreveu: “É importante citar a disseminação de ideologias extremistas como outro indicador do aumento do racismo. É tema que está na moda. E o racismo consegue abalar a tranquilidade brasileira e sufragar as vias da intolerância”.
Mencionada profissional do Direito anotou, com razão: “Líderes políticos e figuras públicas que adotam discursos nacionalistas e excludentes frequentemente legitimam atitudes racistas em suas bases de apoio. A ascensão de movimentos nacionalistas e de extrema-direita em vários países promoveu uma retórica abertamente racista, incentivando o uso da violência e discriminação. Sendo que as redes sociais se tornaram ferramentas eficazes para a propagação do discurso de ódio”.
Diante dos fatos e dos comentários, considero oportuno o discurso do novo membro da Academia Mineira de Letras, Dr. Paulo Sérgio Lacerda Beirão, quando trata de assunto tão referido na hora que atravessamos. Ele lança luzes sobre a questão. “Hoje sabemos, do ponto de vista biológico, que não existem raças humanas – existem diferentes fenótipos. Isso ficou mais evidente com os estudos genômicos, como mostrado pelo nosso colega da UFMG Sérgio Pena, e de histocompatibilidade. Exemplo ilustrativo: se alguém precisa de um transplante de órgão, ele poderá encontrar um melhor doador, mais compatível, em pessoa com diferente cor da pele do que em alguém com a mesma cor. Não existem raças, mas infelizmente existe racismo, que é uma construção social para justificar a exploração de povos e indivíduos”.
Adiante Paulo Sérgio, que é cientista, acrescentou: “No meu modo de ver, a cultura científica faz parte do patrimônio cultural da humanidade. Por cultura científica eu me refiro mais ao que poderia chamar de atitude científica do que ao conhecimento enciclopédico de fatos e informações científicas”.
E mais: “Há muita confusão entre o conhecimento gerado pela pesquisa científica com falsidades pseudocientíficas, disseminadas de forma indiscriminada. Há até pessoas que acham que podem divulgar opiniões pessoais como se fossem verdades científicas, alegando um suposto direito de liberdade de opinião”. “A ciência e o cientista têm por obrigação um compromisso com a verdade”.