Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Roma diz não aos Jogos Olímpicos

27/09/2016 às 17:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:00

Roma: quatro letras de uma história eterna, como a própria cidade. Escrever sobre Roma é mais difícil que visitá-la hoje, muitos séculos após sua fundação, que pode ter ocorrido 1.400 anos antes de Cristo. A data tradicional – 21 de abril de 753 a.C – foi convencionada no final da República por Públio Terêncio Varrão. 

Tudo atrai a atenção para a cidade, riquíssima em personagens célebres na História. Séculos e séculos decorridos, o cristianismo sediou sua Igreja ali, acrescentando interesses sobre as áreas fortificadas dos velhíssimos Rumi, no monte Palatino, e os Titients, no Quirinal, além dos Luceres, que habitavam os bosques ao Norte. São três entre as numerosas comunidades itálicas que existiam no primeiro milênio a.C. na região do Lácio, uma planície da península. 

Do pequeno povoado de oito séculos antes de Cristo, Roma se transformou no cérebro e braço de uma vasta civilização, que dominou a região mediterrânea e grande parte do mundo. Sede da Igreja Católica, um pequeno estado independente, a Cidade do Vaticano, continuou desempenhando papel de notável relevo na política global, como o fora na história dos povos europeus durante centênios e centênios.

Não me permito esquecer que, em tempos atuais, dois mineiros – Pedro Rogério e José Maria, filhos do nosso querido e sempre lembrado Vivaldi Moreira, presidente perpétuo da Academia Mineira de Letra, dedicaram-se com extremo afeto ao estudo da velha cidade, produzindo livros memoráveis. O primeiro com o delicioso e didático “Amor a Roma, Amor em Roma”, e o segundo com dois volumes indispensáveis para quem pretende conhecer a cidade e seus sítios mais famosos.

José Maria Couto Moreira, advogado, em artigo na Revista da AML, anotou: “Percorrer a antiga Roma (antiga, jamais velha) é um lenitivo para o espírito e um estímulo recriado ao corpo. Este sentir é compreensível em face da caleidoscópica paisagem urbana, sempre surpreendente, nos oferecendo a cada passo uma emoção nova, uma reflexão mais detida, um prazer introspectivo que anima...”. Os espaços verdes são admiráveis, convidando a instantes vedadeiramente contemplativos. Observa-se o esforço de sua gente para adorná-la com encantos naturais e satisfazer o hedonismo da população ali instalada ou que acolhe.

Dito e achado conforme o texto aqui, chego ao ponto desejado. Refiro-me a uma decisão tomada pela jovem prefeita de Roma, Virginia Raggi, após examinar o minucioso projeto de candidatura da Cidade Eterna para sediar os Jogos Olímpicos de 2024.

Diz o noticiário que, apesar dos esforços do Comitê Olímpico Italiano, o COI, e do governo do país, que esperavam o retorno da Olimpíada à capital 64 anos depois, a simpática Executiva do município não se curvou aos argumentos, nem à possível vaidade pessoal. 

Raggi foi incisiva: “Não estamos em condições de assumir novos gastos e criar estruturas que não terão utilidade depois dos Jogos. Apenas há pouco mais de dois anos, acabamos de pagar o que foi investido para a Copa do Mundo de 1990 e isso não pode repetir-se. O esporte é fundamental, mas temos outras prioridades”.

Não caiu, pois, a prefeitura na perigosa aventura das recentes competições realizadas no Brasil. Que Paris, Los Angeles e Budapeste o façam se quiserem. Bom-senso ainda existe na terra de Berlusconi. 

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