Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Salve Taiobeiras

Publicado em 15/08/2023 às 06:00.

Sinto-me feliz em fazer este registro. Inicio referindo-me a Taiobeiras, no Norte de Minas, nome dado à cidade por sua preponderante produção vegetal. É um município e cidade por lei nº 1030, de 12 de dezembro de 1953; jovem, portanto, apenas setuagenária. Provou-se que ali se produz mais que taioba. 

Tomou posse, no Tribunal Superior Eleitoral, como ministra substituta, a primeira mulher negra daquela corte. Estou falando de Edilene Lobo. Ela tem uma biografia esplêndida, se considerarmos a humildade do local em que nasceu, naquelas bandas do sertão mineiro.

Edilene é a 17ª filha de uma família de 20 filhos, que começou a trabalhar dias antes de completar 14 anos, como empacotadora de um supermercado em Betim, mas consciente de que os estudos abririam as portas para uma vida melhor e mais útil. A nova ministra declarou: “o Direito se apresentou em minha vida como “um prolongamento de meu olhar para o lugar de onde vinha e onde e estão as pessoas que mais precisam de acesso aos direitos fundamentais”.

A jovem profissional de Direito, com coragem e lucidez, soube enfrentar desafios, que não foram poucos, mas a que respondeu com plena consciência dos empecilhos à frente. Assim construiu a carreira, que a levou a cursar e lecionar em universidades, nacionais e internacionais. Só para ilustrar este comentário, lembraria que esteve na Sorbonne- Nouvelle - em Paris, foi professora convidada do mestrado para alunos de ciências socais, sobre direitos políticos, eleições, democracia e milícias digitais na América Latina. Está, pois, perfeitamente atualizada com os caminhos e problemas do tempo louco que atravessamos.

Em sua existência sonhava alto, sem tirar os pés do chão, dedicando-se tenazmente ao estudo para chegar a conclusões pertinentes e indispensáveis. Essa mineira, lá dos fundões Norte mineiro, está apta a mais êxitos e, certamente, assumir novas e graves responsabilidades. Formou ideia consistente deste nosso período da história: “o sistema democrático deve sustentar-se na proteção aos direitos fundamentais, e pensando na harmonia do modelo, o direito à liberdade de expressão do indivíduo não pode ser sobreposto ao direito coletivo do povo de acesso à informação de qualidade”.

De sua experiência pessoal, extrai conclusão segura e indesviável: “É preciso corrigir injustiças e garantir espaço ao povo negro”.

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