Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Sobre a BR-381

Publicado em 19/07/2022 às 12:57.

Quando se apanha o jornal e se lê o título, pergunta-se se a notícia não é velha. Se ouvir o texto, também se incorre em igual dúvida. É que, pelo que se pode perceber, há coisas que não mudam. Passam-se dias, meses e anos e nada evolui ou se resolve. Fica tudo como dantes no Quartel de Abrantes, cidade que existe na margem esquerda do Tejo, o rio que embeleza e valoriza a região.

Em tempos atuais, indagamos em que ficou o rodoanel de Belo Horizonte, depois de dezenas de anos e de centenas de mortos no antiquado caminho que circunda a capital. É apenas uma interrogação e de trata simplesmente de um ínfimo pedaço do território mineiro.

Agora, leio que a Agência Nacional de Transporte Terrestre publicou convocação para audiência pública sobre o contrato de concessão do trecho da rodovia entre a histórica Sabará, na região metropolitana e Governador Valadares, bem distante, no Vale do Aço.

Pois o ponto final da rodovia, ou inicial, dependendo do viajor, tem o nome atual desde 1938, serviu de berço ao poeta Soares da Cunha, que lastimavelmente, não está mais entre nós, deixando de vez o pequeno porto de Figueira do Rio Doce, como conhecida a cidade antigamente.

Ligando a metrópole dos mineiros a extensa e promissora região, a BR-381 conseguiu somente o triste apelido de “Rodovia da Morte”, denominação que lhe cabe perfeitamente por ter-se tornado genocida.

Há um debate agendado para 2 de agosto, em sessão híbrida, isto é, virtual e presencial, tudo acompanhado de informações no site da agência. Quem sabe com emprego de novos instrumentos de comunicação, o desafiador problema será enfim equacionado e resolvido?
Temos de manter acesa a esperança, porque – como dizia a acadêmica Maria José de Queiroz, “no fim de cada estrada, Minas me espera, de alcateia, na esquina de mim mesma”. “Minas me diz presente”. Minas existe, vivo de sua herança”.

Mas nossos governos ignoram o belíssimo apelo da brilhante escritora. Obras, em todas as áreas de atividades, foram interrompidas e o reinício negligenciado. Quem perde são os municípios, os estados, a nação – os brasileiros, enfim.

Em termos, aliás, de negligência e omissão, o Brasil tem posição privilegiada. Uma dor e uma pena para a nação que tudo tem para ser grande não apenas pelas dimensões territoriais.
Nesta antevéspera de eleição, seria bom que o povo ponderasse sobre os candidatos e escolhesse o que melhor pudesse atuar e gerir no próximo quatriênio.

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