Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Sobre Pedro II

Publicado em 13/11/2024 às 06:00.

O jornalista Gustavo Werneck, que tanto tem contribuído com a imprensa belo-horizontina para divulgação de nossa história, referiu-se, há dias, ao fato de que a Escola de Minas, em Ouro Preto, completará em 2026 150 anos. Registrou que o tradicional estabelecimento foi fundado em 12 de outubro de 1876 pelo cientista francês Claude Henri Gourceix (1842-1919), a instância do imperador Dom Pedro II. 

Pois eu me sinto na obrigação de acrescentar o nome completo do segundo e último imperador: Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paulo Leocádio, Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon, nascido no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1825. 

Em síntese: no ano que vem aí, registra-se o bicentenário do segundo Pedro à frente de nossos destinos, mais de trezentos que um primeiro homônimo apareceu por essas terras - o Álvares Cabral, o Cabral. 

 A figura de Dom Pedro é muito controvertida e até menos conhecida do que se devia. Sua aparência fidalga se perdia quando ele trajava o manto Papo de Tucano, com meias apertadas, o que realçava as pernas finas demais, relativamente ao corpo.  Os opositores o chamavam de Pedro Banana ou de  ditador tirano. Mas veio ao mundo para mandar, apesar do seu cacoete “já sei, já sei”, no fim de cada frase - o que o fez motivo de chacota, pelo menos nos grupinhos da rua do Ouvidor.

Quando o pai abdicou, tinha cinco anos. Ficou no Brasil, tendo como tutor José Bonifácio de Andrade e Silva, contando com grandes professores da época. Só terminou o reinado com a proclamação da República, 48 anos depois. Morreu em Paris, aos 66 anos, e seus restos mortais repousam em Petrópolis.

Ele passou  a amar o Brasil.

Sérgio Buarque de Holanda registra que Pedro II se empenhava pela extinção do trabalho escravo, “mas achava que toda prudência era pouco nessa matéria. Gostaria que o Brasil tivesse em ordem as finanças e a moeda bem sólida, ainda que esse desejo pudesse conturbar a promoção do progresso material, da imigração, que também deseja”.

Proclamada a República naquele 15 de novembro (que daqui a pouco festejaremos) o governo provisório deliberara conceder a Pedro um subsídio extraordinário de cinco mil contos, pagos de uma só vez. A bordo do Alagoas, ao chegar o navio a São Vicente, o imperador deposto dirigiu um telegrama aos novos donos do poder dizendo que se recusava a aceitar o subsídio, e que, caso alguém o tivesse recebido em seu nome, deveria ser imediatamente restituído.  

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