Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Tempo de governo

Publicado em 23/07/2024 às 06:00.

Em minha terra natal, aprendi ainda criança que “quem fala demais dá bom dia a cavalo”. É assim, algo essencial em todo ser humano saber a hora de falar...  e a hora de parar. O hoje presidente da República não aprendeu a lição de minha cidade, embora sua primeira esposa lá tenha nascido, para falecer num episódio pouco explorado pelos jornalistas de plantão. O caso caiu no olvido. 

O jornalista Acílio Lara Resende, de notório prestígio entre companheiros de profissão e da classe política, entra em cena com outra frase muito útil e oportuna: “O peixe morre é pela boca”, que corresponde à primeira assertiva. 

Há algum tempo, referi-me aqui à lição inolvidável de história do Brasil como apregoada pelo presidente a respeito da duração de governos brasileiros, não restrito ao do regime instalado em 15 de novembro de 1889. 

Para justificar-se ou explicar-se, S. Exa. ensinou “que ninguém esteve mais tempo à frente do Executivo do que ele em seus três mandatos. Observou à nação que o exercício de suas gestões é superior às de Pedro II e Getúlio Vargas”.

Ocorre, no entanto, que nosso segundo imperador esteve no trono durante 49 anos, até o fim da monarquia. Quanto a Getúlio, presidiu o Brasil desde 1930, após a Revolução, pois, e até o fim do Estado Novo, quando foi despedido do poder pelos militares, isto é, em 1945; e, eleito pelo voto, assumiu o Catete novamente em 1950 para deixá-lo em 24 de agosto de 1954, após dar fim à vida com um tiro no peito.

É uma simples questão de aritmética, que se aprende ainda no curso primário. 

Meses depois de sua declaração primeira, Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista exclusiva à TV Record em que mantém sua versão sobre tempo de governo e reitera os números de sua fala anterior.

Ninguém deve tê-lo advertido do engano ou equívoco, ou ele fez ouvido de mercador, cometendo a gafe novamente. 

Antigamente se dizia que “o pior cego é o que não quer ver”. Assim, com a audição. Quem não deseja ouvir - tapa as orelhas com as mãos.     

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