Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Tempo de Silviano Brandão

Publicado em 03/05/2023 às 06:00.

Há dias, evocamos aqui em João Pinheiro, mais do que nome de uma avenida em Belo Horizonte, mas uma das mais vigorosas expressões da política e da administração pública brasileira em período delicado na vida do estado e do país. Não posso, entretanto, deixar no esquecimento Silviano Brandão, que esteve à frente dos destinos de Minas entre 7 de setembro de 1898 a 21 de fevereiro de 1902 sendo a capital já Belo Horizonte.

Minas Gerais viveu em sua gestão terrível crise, e o chefe do governo se viu na contingência de enfrentar. Ele o fez com coragem, desprendimento e sacrifício, que levaram à morte, o primeiro da longa série de dirigentes que faleceram no posto. 

Como ressalta João Camillo de Oliveira Torres: “teve de lançar mão de todos os recursos. Cortou despesas enquanto lhe possível, fechando escolas em estabelecimentos de grande necessidade, demitindo funcionários. Dizem depoimentos pessoais que assinava os atos chorando, pois compreendia que levava o mal a amplos setores do povo, mas não lhe restava outro meio”.

Minas, endividada ao máximo, não conseguia empréstimos para fazer frente suas enormes e incontáveis dívidas. Silviano, contudo, não se deu por vencido e se viu na contingência de buscar socorro no Morro Velho, a famosa de São João del-Rei. 

Foram os ingleses de Nova Lima que forneceram dinheiro ao Palácio da Liberdade, até que Silviano encontrasse outros meios e instrumentos. Entre estes, a criação do imposto territorial, o que não repercutiu bem. Mas o que fazer aquela altura? 

Era uma solução heroica, adjetivo usado por João Camillo. Os fazendeiros, que constituíam a força mais poderosa de Minas, reagiram, pretendendo fundar um partido para defesa de seus interesses.

Conta-se que Silviano Brandão chegou arrumar as malas para deixar o Palácio. Os piores tempos foram vencidos, mas o presidente de Minas não teve tempo para assistir alegro finale. Suprimiu verbas, suspendeu serviços, extinguiu cargos e comissões, reformou o sistema tributário, conseguindo a representação mineira no Congresso Nacional.

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