Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Tempos do Laurentys

Publicado em 22/02/2025 às 06:00.

Recorro a fatos relativos à Santa Casa de Belo Horizonte, em meus escritos no Hoje em Dia, jornal cuja existência acompanho desde o primeiro número. E continuou com a mesma disposição, considerando o papel da instituição hospitalar da capital e de Minas. Pela filantrópica, que tem idade aproximada da própria metrópole, passaram vultos de grande relevância na ciência/ arte de Hipócrates e mesmo expoentes da vida mineira e brasileira, tanto na órbita médica quanto na vida política e social do país.

Lembro, como exemplo, José de Laurentys Medeiros, médico e professor, que tinha verdadeira fascinação pela filantrópica, fundada dois anos após a inauguração da metrópole que sucedeu Ouro Preto. Nasceu Laurentys, em Pará de Minas, mesma cidade do governador Benedito Valadares e outros expoentes da medicina e da vida pública montanhesa. Em sua terra natal, na rua do Rosário, existia o estúdio de Carlitos e de Zé Correntinha, no número 17, eles que tiravam as fotos 3X 4 de toda a gente do Pará. Aliás, seu proprietário depois foi o Demétrio, neto de Laurentys, outro vidrado em fotografia. 

O objeto da atenção de Laurentys, podia ser uma simples rosa até peças cirúrgicas. Certa vez, convidado para padrinho de casamento de um de seus assistentes, quando todos os convidados estavam na igreja, notou-se que o fotógrafo contratado não comparecera. Como Laurentys sempre carregava seu equipamento no porta-malas do carro, pediu licença, foi até o veículo entrar em cena com o material. Em seguida, como profissional, documentou a solenidade, possibilitando que os noivos vissem registrado o magno acontecimento. 

O primeiro equipamento de ultrassonografia de Belo Horizonte foi adquirido pelo médico paraguaio Roberto Rueda, que aqui residiu e exerceu a profissão, depois de revalidar o diploma. José Malheiros dos Santos, patologista clínico, aproximou a Rueda de Laurentys. Assim, o colega paraminense começou a fazer dupla com o paraguaio para aplicação de estudos de fígado e vias biliares, principalmente nos casos de litíase, ou seja, de formação de cálculos ou pedras na vesícula.

Objetivava-se demonstrar praticamente que a ultrassonografia era mais eficiente que a radiologia nesses casos, pois oferecia maior precisão. Para prová-lo, Laurentys tirava as fotos da vesícula, se extirpada, e, ajoelhado no chão com a máquina fotográfica, comparava a víscera, a radiografia e o ultrassom.

Quando os pacientes da Santa Casa eram indigentes e não tinham como pagar o ultrassom, os assistentes de Laurentys os levavam ao consultório de Rueda, na avenida Brasil, que não cobrava absolutamente nada pelo procedimento. Hoje é diferente, porque há o SUS, que cumpre seu papel. 

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