Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Um menos entre nós

Publicado em 13/12/2023 às 07:00.

Como faço dominicalmente, recolhi-me, pela manhã, aos jornais para conhecer os fatos e vejo-me diante da notícia de falecimento de Orlando de Oliveira Vaz Filho, ocupante da cadeira nº 34 da Academia Mineira de Letras. Dela foi fundador Mendes de Oliveira, e sucessores Noraldino Lima, Nilo Aparecida Pinto, Juscelino Kubitschek, Affonso Arinos, Gerson de Britto Boson.

Anos atrás, Orlando e eu, fomos a uma solenidade na Academia de Letras João Guimarães Rosa da Polícia Militar, no Prado, ele evidentemente ao volante. Uma bela festa de letras e civismo. Orlando, advogado, foi secretário da Educação de Belo Horizonte, deputado estadual e diretor da Casa do Brasil na Cidade Internacional da Universidade de Paris. Ente os livros que nos legou estão “Otávio Mangabeira, trajetória de uma consciência”, e “Pedro Aleixo, um nome na História”, enquanto outros aguardam publicação. 

Descendente de família da Zona da Mata, herdou muito das qualidades da gente daquela região. Preocupava-se com o Brasil de hoje, seu e meu, pensando soluções para os problemas que nos afetam, como o também jornalista e professor Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, nascido em Piraúba, também autor de dez livros, inclusive sobre jornalismo econômico.

Sobre o último tema, aliás, Aylé assim se pronunciou: “O Governo está enrolado com a proposta  do  Orçamento para  2024, com   votação, no Congresso Nacional,  prevista para até  31 de dezembro. Trafega-se por duas opções: zerar este desequilíbrio; ou enfrentar um déficit primário  estimado  em R$ 168 bilhões , que alimenta o aumento da taxa de juros, a inflação e o endividamento do Estado, já circulando nas proximidades do  trilhão de reais. 

Lula  não abre mão de gastar. Ele quer este  1% do PIB para bancar as eleições municipais. Ao contrário, o  Ministério da  Fazenda esforça-se para equilibrar as contas públicas - arrecadação versus gastos do Governo -  e acabar com  a inflexão nas contas nacionais ,  que vem se arrastando por  dez anos, tendendo a piorar, e arruinar a confiança do Brasil no exterior. Já há, por aqui, empresas que fecharam as portas. O exemplo da Argentina assusta. 

O Presidente não consegue, entretanto, descolar o Orçamento Fiscal     do processo político eleitoral, este um consumidor  contumaz  dos recursos do Tesouro, e que terá R$ 37, 4 bilhões em emendas parlamentares individuais impositivas em 2024, sem contar os recursos para os partidos e para o Tribunal  realizar as eleições . Diante desse quadro, o Produto Interno  ( R$ 1,7 trilhão)  parece perder o fôlego. Teve uma queda, no último trimestre, de 0,6%, segundo o Banco Central,  contrariamente à expectativa gerada no campo político, de um crescimento de 2,0%”.

Com o adeus de Orlando, temos um a menos a pensar.

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