Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Um sábio que parte

Publicado em 09/11/2024 às 06:00.

Não é agradável redigir a notícia, mas não podemos ignorar o fato. Faleceu no Dia de Finados deste ano, 2 de novembro, Ivo Porto de Menezes, de prestigiosa família mineira. Professor Emérito da Escola de Arquitetura da UFMG. Doutor pela Escola de Minas da Universidade do Brasil, Arquiteto do IPHAN e da IEFHA-MG, Diretor do Arquivo Público Mineiro, realizou projetos e obras de restauração de edifícios de valor histórico ou artístico, sendo autor de diversos livros e artigos sobre a suas matérias preferidas - arquitetura e arte. Não seria o suficiente.

Em 2014, comemorando os 200 anos de falecimento de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, ele publicou um livro sobremodo importante para quem desejar ou desejasse mais saber sobre o nosso grande escultor e se justificou: “não deixaria de levar aos estudiosos os dados colhidos ao longo de seu viver de pesquisador e mestre”.

E o nome do volume precioso não poderia ser mais simples: apenas o nome do Aleijadinho, editado pela CI Arte, de Belo Horizonte. É algo que não seria deixado de lado, se quiser conhecer e sentir mais de perto o grande artista mineiro, que por mais de dois séculos o precedeu.   

Ivo Porto de Menezes conta, por exemplo, que desde 1956 se debruçava sobre a arte do mestre do barroco e, assim, relata como foi descoberta a imagem de Nossa Senhora do Carmo em São Bartolomeu, na década de 1970, localidade a 12 quilômetros de Ouro Preto. Fica nas proximidades da qual caiu recentemente um avião com bombeiros e duas pessoas da área de saúde e que ali foram prestar assistência a um piloto de aparelho que caíra.

Falar sobre Ivo Porto de Menezes exige tempo e disposição, o que não é próprio quando falamos de seu óbito. Este foi seguido pela da esposa, no dia 27 de outubro. A filha disse: “Era um ser humano de coração imenso, profissional, pai e esposo. Exemplo de amor pela esposa e simplicidade até nos momentos finais. Ele sempre dizia que só partiria depois da esposa, que não poderia deixá-la. A tristeza da partida é imensa, resta o consolo de que eles continuam juntos na eternidade”. 

Tudo mineiramente, pranteado, sincero. Fica-se, porém, o dever do exemplo e voltar à obra de Ivo Porto de Menezes, também responsável  pelo levantamento de uma rodovia, há muitos anos, que ligaria Belo Horizonte ao Rido de janeiro. Que tenha paz e sossego!

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