Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Vaticinando o futuro

14/08/2018 às 18:13.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:55

Enfim, uma ingente e urgente missão a cumprir, pois a fiscalização da sociedade é hoje muito mais forte do que antes. Os meios de comunicação social ajudam os cidadãos a formar opinião e a opor-se ao que lhes parece prejudicial ao país. 

É hora de se despertar para a realidade e o interesse maior, que é o da nação 

Nova estação do ano começa no mês que vem. O inverno tem o adjetivo vário usual na Folhinha Mariana. Já se teme o que virá neste segundo semestre, pois o primeiro não foi benévolo para extensas regiões do país.

Há culpados: não aprendemos a reger nossos próprios destinos e o resultado se repete periodicamente, com temporadas de escassas chuvas e suas consequências funestas, assim como de tempestade com inesperados e destruidores efeitos. Pecam os gestores da administração pública, mas também setores do empresariado, enfim todos os segmentos da sociedade de um modo geral.

O homem do sertão, antes de tudo um forte, na acepção de Euclides da Cunha, sofre ainda hoje os males dos quais já poderia ter-se libertado, fosse outra a condução do problema das secas. Este não deveria ser encarado apenas por escritores e técnicos de governo. Trata-se de desafio que vem de longe e se alongará, no curso da história futura, se não se levar em conta, com consciência e objetividade, o desenrolar dos fatos. 

No caso mineiro, tem especial preponderância o rio São Francisco, cantado em prosa e verso, mas praticamente só lembrado em conferências e épocas eleitorais, como a atual. A propósito, em junho, em Januária, cumpriu-se a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, afirmativa muito apropriada ao tema. 

José Ponciano Neto, que labora na área do meio ambiente há 42 anos, membro da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, esclarece que o objetivo foi conscientizar a população sobre a preservação, chamar a atenção para os graves problemas enfrentados pelo rio e sua bacia, e para a sua muito propalada, necessária e urgente revitalização. 

O próprio técnico é peremptório: “transformar os órgãos fiscalizadores em fábricas de multas não é revitalizar uma bacia hidrográfica, não é defender o meio ambiente”.

Reestruturar estes como? Aperfeiçoar a metodologia operacional com novas técnicas, aumentar o número de fiscais, armas, veículos e a organizar-se física e administrativamente, criar projetos e programas de educação ambiental com instrutores dos órgãos oficiais. Por fim: melhorar toda a logística. 

A reestruturação dos órgãos é essencial para os governos federal e estadual se tornarem proativos e não ficarem apagando fogo com multas. Depois de esses órgãos fiscalizadores estruturados, ver-se-á que somente as rubricas serão suficientes para manter os rios revitalizados. 

Enfim, uma ingente e urgente missão a cumprir, pois a fiscalização da sociedade é hoje muito mais forte do que antes. Os meios de comunicação social ajudam os cidadãos a formar opinião e a opor-se ao que lhes parece prejudicial ao país. É hora de se despertar para a realidade e o interesse maior, que é o da nação. Sem falar nas populações ribeirinhas, crescentemente ameaçadas. 

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