Beatriz Silva Pereira Bernucci*
Este desequilíbrio pode acontecer devido a uma alimentação inadequada, baseada em alimentos processados e ultraprocessados, ou seja, rica em gordura, açúcares e aditivos químicos; além do uso excessivo de antibióticos, estresse ou doenças, e pode causar diversos problemas de saúde, como inflamações, problemas digestivos, infecções, afetar o sistema imunológico e até contribuir para obesidade.
O trato gastrointestinal do ser humano é colonizado por microrganismos, conhecido como microbiota. Em indivíduos saudáveis, a microbiota tende a ser relativamente estável. No entanto, alterações na microbiota podem levar à disbiose, ou seja, o equilíbrio da microbiota é alterado, havendo um aumento de bactérias “ruins” e uma redução das “boas”.
Este desequilíbrio pode acontecer devido a uma alimentação inadequada, baseada em alimentos processados e ultraprocessados, ou seja, rica em gordura, açúcares e aditivos químicos; além do uso excessivo de antibióticos, estresse ou doenças, e pode causar diversos problemas de saúde, como inflamações, problemas digestivos, infecções, afetar o sistema imunológico e até contribuir para obesidade.
Já se sabe há algum tempo que as bactérias presentes no intestino do obeso são diferentes das observadas no intestino de um indivíduo magro, tanto em ratos quanto em seres humanos. Existem ainda, na literatura, trabalhos que promoveram transferência da microbiota de um animal obeso para o animal magro, e este último tendeu a engordar após o procedimento.
Um estudo recente publicado pela Sociedade Americana de Microbiologia (https://doi.org/10.1128/msystems.00964-21) sugere que a microbiota intestinal pode influenciar tanto positiva quanto negativamente a perda de peso. O destaque desta pesquisa é que ela foi realizada em seres humanos, tendo acompanhado 105 participantes de um programa de emagrecimento voltado para intervenções saudáveis, acompanhados por equipe multidisciplinar, incluindo nutricionistas.
Os pesquisadores compararam 48 indivíduos que conseguiram perder mais de 1% do seu peso corporal por mês ao longo de 6 a 12 meses com 57 pessoas que não perderam peso no mesmo período.
Para a análise, os cientistas coletaram dos participantes amostras de sangue e fezes antes e depois do programa de emagrecimento, examinaram a dieta, diversos parâmetros laboratoriais e a microbiota intestinal. Os pesquisadores identificaram características relacionadas a bactérias intestinais que estão envolvidas na perda ou ganho de peso em pessoas submetidas a dietas controladas de emagrecimento, e que os mecanismos prováveis sejam relacionados com diferenças na proliferação das bactérias intestinais, eficiência no aproveitamento de alimentos e resposta imuno.
Vale lembrar que pesquisas ainda estão em andamento a este respeito, e os cientistas ainda investigam como a microbiota interfere no ganho ou perda de peso. Mas uma coisa é certa, manter a microbiota saudável é o melhor caminho, por meio da ingestão de alimentos in natura e minimamente processados, variados e ricos em fibras, para favorecer a diversidade e a quantidade de microrganismos benéficos presentes no trato gastrointestinal.
Acesse na íntegra o artigo. Diener et al. Baseline Gut Metagenomic Functional Gene Signature Associated with Variable Weight Loss Responses following a Healthy Lifestyle Intervention in Humans. ASM Journals. Vol. 6, No. 5, 2021.
* Doutora em Ciência de Alimentos e professora das Faculdades Kennedy