Suplementos nutricionais são necessários?

Publicado em 04/07/2024 às 06:00.

Melissa Luciana de Araújo*

No consultório particular, assim como no ambulatório, no qual atuo como preceptora de estágio em nutrição clínica, frequentemente atendo pacientes em uso de uma diversidade de suplementos nutricionais: Whey Protein, creatina; cafeína, colágeno, altas doses de vitamina D, entre outros. Esse produtos são utilizados muitas vezes por conta própria ou orientado por amigos ou colegas de academia. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), por meio da pesquisa sobre “Hábitos de consumo de suplementos alimentares”, realizada em 2020, o consumo de suplementos alimentares no Brasil está presente em 59% dos lares brasileiros, sendo o hábito maior em mulheres. Em relação à recomendação, 49% dos entrevistados fazem uso dos suplementos sem ter recebido indicação de um profissional de saúde (nutricionista ou médico). Quanto ao consumo de Whey Protein, um boletim da mesma associação apontou aumento em 2022 do consumo de 25% em relação a 2021. Mas suplementar é realmente preciso? 

A suplementação nutricional pode trazer muitas dúvidas à população em geral.  São frequentes nos diferentes meios de comunicação – televisão, sites, Instagram, TikTok – publicidade e propagandas referentes a uma infinidade de suplementos alimentares com diferentes indicações e usos. E muitos desses gêneros são utilizados por serem de fácil uso e praticidade, conforme sugerem alguns fabricantes. 

O uso indiscriminado desses produtos pode acarretar prejuízos à saúde. Dentre esses prejuízos, relatos de intoxicação por consumo oral de vitamina D tem se tornado comum nos últimos anos. Doses excessivas em tempo prolongado dessa vitamina pode ocasionar elevação grave de cálcio no sangue (hipercalcemia), com prejuízo da função renal. 

Ainda sobre a função renal, suplementos à base de proteínas e de seus derivados como Whey Protein, creatina, proteínas vegetais isoladas, albumina e similares não devem ser utilizados sem uma avaliação criteriosa do médico nefrologista para o conhecimento dos fatores de risco que podem levar a prejuízos dos rins, especialmente em idosos. A doença renal crônica é, na maioria das vezes, uma condição de prejuízo de saúde silenciosa e acomete, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia – SBN, cerca de mais de 10 milhões de brasileiros, sendo mais comum em indivíduos acima dos 50 anos.  

Na direção de uma alimentação focada na saúde, é essencial uma avaliação nutricional antes do uso de qualquer suplemento alimentar, que englobe a análise do consumo alimentar individual. O nutricionista tem um papel essencial nessa avaliação, sendo capaz de proporcionar possibilidades alimentares realistas e viáveis aos mais diversos públicos. Por fim, a busca da saúde deve ser pautada em informações corretas sobre a ciência da nutrição, dialogadas com profissionais médicos e nutricionistas éticos e capazes de propor soluções viáveis e adequadas sobre saúde e nutrição. 

* Doutora em Saúde e Nutrição e docente das Faculdades Kennedy e Promove de Belo Horizonte  

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