Inteligência Artificial e BI: o equilíbrio entre inovação, dados e o fator humano

Publicado em 10/12/2024 às 06:00.

Natália Pruchneski*


A inteligência artificial (IA) vem revolucionando a forma como empresas analisam dados e tomam decisões, especialmente quando integrada às ferramentas de Business Intelligence (BI). No entanto, o verdadeiro potencial da IA só pode ser alcançado com uma abordagem estratégica que vá além da tecnologia em si, envolvendo planejamento, integração e, principalmente, a valorização do fator humano.

Para muitas organizações, o primeiro passo rumo à adoção da IA está na automatização de processos básicos, como a consolidação de bases de dados ou a organização de informações. Automatizar essas tarefas não apenas reduz erros, mas também cria uma base sólida para a implementação de tecnologias mais avançadas.

A integração de sistemas que “conversam” entre si, centralizando informações em plataformas de BI, otimiza fluxos, aumenta a produtividade e libera tempo para análises mais profundas. A IA leva esse processo a outro nível. Ela não apenas organiza dados: ela interpreta, identifica padrões e fornece insights valiosos que podem transformar o planejamento estratégico. Mas, sem uma base bem estruturada e organizada, o impacto da IA pode ser muito limitado.

O sucesso da inteligência artificial vai além de sua capacidade tecnológica: ele depende da colaboração entre máquina e humano. Vou compartilhar um caso que vivi recentemente: em uma atividade de team Building líderes foram desafiados a resolver problemas com o auxílio da IA em apenas 20 minutos.

O desempenho variou entre os grupos: alguns conseguindo soluções mais rápidas e próximas ao resultado esperado, enquanto outros enfrentaram mais dificuldades ao longo do processo. No entanto, todos os grupos conseguiram entregar algo no tempo proposto, dentro dos problemas apresentados. O que fez a diferença na  atividade foi a habilidade de formular boas perguntas e utilizar a ferramenta Copilot de forma eficiente.

Essa prática, conhecida como “engenharia de prompt”, evidencia que a IA funciona melhor como uma extensão do pensamento humano, potencializando esforços, mas sem substituí-los.

E é justamente nesse ponto que surge a oportunidade de romper preconceitos. Apesar do receio de que a IA “roube” a criatividade humana, o que se observa na prática é o contrário: ela simplifica tarefas rotineiras, permitindo que as pessoas concentrem energia no que realmente importa. Um colaborador que antes gastava dias estruturando uma apresentação pode, com o auxílio da IA, completar essa tarefa em horas, dedicando mais tempo ao refinamento das ideias e à criação de estratégias inovadoras. Nesses casos, fica claro que a tecnologia não sufoca a criatividade, ela a amplifica, quando bem utilizada.

Mas, como toda inovação, a IA traz desafios éticos. Em áreas como recrutamento, é fundamental garantir que o uso de dados esteja alinhado a regulamentações como a lei geral de proteção de dados (LGPD), protegendo a privacidade e eliminando falhas. Além disso, é essencial superar a ideia de que a IA substituirá completamente o trabalho humano. A história tem mostrado que novas tecnologias, em vez de eliminar empregos, criam novos mercados e funções, especialmente para quem está preparado para operar essas ferramentas de forma estratégica.

A democratização da IA é um passo fundamental para o futuro. Não basta que a tecnologia esteja disponível, é preciso torná-la acessível e compreensível para todos os colaboradores. Uma tarefa que vai além do treinamento contínuo e exige uma mudança cultural que encoraje a inovação em todos os níveis da organização.

Quando aplicada ao BI, a IA tem a capacidade de transformar a análise de dados em um processo mais rápido, preciso e estratégico. Porém, essa transformação só ocorre quando tecnologia e fator humano caminham juntos. Empresas que adotam a IA de forma consciente, alinhada a processos organizados e ao desenvolvimento das pessoas, estarão preparadas para os desafios do futuro e bem posicionadas para liderar a inovação em seus mercados. A verdadeira vantagem competitiva não está na tecnologia por si só, mas na sinergia que ela cria entre dados, máquinas e o potencial humano.

* Gerente de DHO na Teltec Solutions

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