O quebra-pau entre dois famosos no interior de uma clínica

Publicado em 19/03/2022 às 06:00.

Mauro Condé*

“Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo” - Veríssimo.

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros vencedores do Prêmio Jabuti de Literatura Nacional.

Eles me levaram para Porto Alegre, onde fui recebido por Luis Fernando Verissimo, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

- Procure sorrir mais vezes para si mesmo e sinta como isso é terapêutico, como relaxa seus músculos e a sua mente e te faz sentir uma pessoa muito melhor.

Acabei de ler seu livro “Diálogos Impossíveis” laureado com o Jabuti, no qual ele desfila crônicas deliciosas sobre o absurdo que marca a existência humana.

Em uma delas, acompanhamos o tenso diálogo imaginário de Don Juan tentando seduzir a própria morte.

Em outra, nos deparamos com o flagrante de uma discussão entre dois personagens icônicos do mundo da ficção, por ocasião do encontro entre eles numa clínica geriátrica da Suíça.

Lá estão Batman e Drácula discutindo fervorosamente sobre a vida e a morte.

Um tentando tirar sarro do outro, comparando suas semelhanças e suas diferenças.

Ambos aristocratas, são na verdade dois homens morcegos em crise de identidade.

Drácula, um simples e imortal Conde da Velha Europa, tem mais de 500 anos, com cara de menos de 200, algo que irrita profundamente Batman.

Batman tem pouco mais de 80 anos e é herdeiro de uma grande fortuna na Nova América, fato que desperta muita inveja em Drácula.

Estão ali numa clínica geriátrica por motivos opostos, Drácula buscando a cura para a sua cansativa imortalidade e Batman tentando retardar ao máximo a sua morte.

A discussão esquenta quando Drácula alfineta o amigo do Robin, sugerindo que, por ele ter nascido o homem morcego do bem, foi condenado a passar, como tudo que é bom, ao passo que ele, mesmo sendo do mau, nasceu condenado a ficar para sempre.

No apagar do livro, é possível perceber a angústia do genial Einstein durante uma discussão com a ex-esposa para conseguir dela o divórcio.

Além de dificultar o processo, alegando traição, a mulher apela gritando coisas impublicáveis.

Einstein então pensa e retruca alegando que tudo na vida é relativo, o tempo mais do que tudo.

Por fim, ao perguntar se ela poderia perdoá-lo, ele recebe de volta esta resposta:

- Talvez, com o tempo. Rs

Leia Verissimo e sorria mais vezes para você mesmo.

*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco

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