Uma reverência ao mestre Sabino

Publicado em 29/09/2023 às 06:00.

Cristina Figueiredo*

A literatura brasileira é rica e diversificada, sendo que, ao longo dos anos, foi acumulando uma série de nomes inesquecíveis e que se consagraram como personalidades clássicas da história cultural do país. O escritor mineiro Fernando Sabino é um deles e, neste ano que completaria seu centenário, será homenageado pela Feira Literária de Tiradentes (Fliti), de 25 a 29 de outubro, na cidade histórica de Tiradentes.

Sabino foi jornalista, editor e escritor, nascido na capital mineira, em 12 de outubro de 1923. No início dos anos 40, começou a cursar a faculdade de Direito e, ao mesmo tempo, se tornou redator da Folha de Minas. Ele já estava tão relativamente familiarizado com as palavras que já aos 12 anos escrevia contos que chegaram a ser publicados em várias revistas.

Por esse motivo, em 1941, com apenas 18 anos, lançou seu primeiro livro oficial de contos, “Os grilos não cantam mais”. Ao longo dos anos e da construção de amizades, formou o grupo literário “Vintanistas” com Marques Rebêlo, Guilhermino César, João Etienne Filho, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Wilson Figueiredo. O nome surgiu pelo fato de todos estarem na faixa etária dos 20 anos.

Ele publicou 47 obras, sendo que duas delas tiveram o lançamento no ano de seu falecimento, em 2004. Sabino marcou gerações e foi um dos grandes nomes do período chamado de pós-modernismo brasileiro, identificado pela característica de que a regra era não seguir regras. Os artistas misturavam o real e o imaginário, apreciavam a imprecisão, a espontaneidade e a liberdade de expressão.


A produção dele também não era pensada apenas para um grupo exclusivo de leitores, escrevendo títulos para o público adulto, juvenil e infantil, que o tornou uma referência também pela versatilidade.

A maior conquista literária foi com histórias para adultos. O lançamento do livro “O Grande Mentecapto”, em 1979, garantiu o prêmio Jabuti e uma adaptação para o cinema e o teatro. No fim dos anos 90, foi condecorado com o prêmio Machado de Assis, oferecido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), em reconhecimento à riqueza do conjunto de suas obras.

O falecimento por um câncer de fígado, às vésperas de seu aniversário de 81 anos, não indicou o fim de seu legado, mas, sim, apenas o início. No ano seguinte, 2005, foi fundado o “Instituto Fernando Sabino”, uma iniciativa da família para incentivar a prática da leitura através de suas obras. Os filhos do escritor estarão na Fliti para representar e relembrar esse legado em uma conversa especial.

A Fliti está na quarta edição, homenageando essa figura e ainda convidando mais de 80 autores e personalidades importantes da cultura nacional para palestras, sessões de autógrafos e troca de conhecimento, gratuitamente. Trinta e cinco editoras também já têm presença confirmada, incluindo o grupo Editorial Record, lançando uma edição especial do livro “O encontro marcado”, de Sabino, juntamente com cartas trocadas com Clarice Lispector.

*Idealizadora e diretora da Fliti (Feira Literária de Tiradentes), de 25 a 29 de outubro, na cidade histórica mineira

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