Aristóteles Drummond*
Tradição da civilização ocidental e judaico-cristã é a de reverenciar e lembrar os que morreram vítimas de atos que não devem de ser repetidos.
Muito boa a lembrança que traz o filme “Ainda estou aqui”, que lembra o deputado Rubens Paiva, um homem cheio de ideais, supostamente comunista e que honestamente aparentava acreditar na via revolucionária, o que o levou a algum envolvimento com aqueles movimentos. Infelizmente acabou incluído na lista dos desaparecidos naqueles anos de combate, com tantas mortes.
O primeiro ato de terror foi no Recife, em julho de 66, em atentado à bomba no aeroporto que visava o General Costa e Silva. Na ocasião, entre os mortos, estavam o Almirante Nelson Fernandes e o jornalista Edson Régis. Entre os casos de vítimas da ação revolucionária, chocou, sobretudo os oficiais sediados no Rio, a execução do Major José Julio Toja Martinez, cruelmente fuzilado por uma guerrilheira, e dos agentes federais que acompanhavam o embaixador alemão quando do sequestro de que foi vítima. Foram muitas as famílias marcadas por aqueles anos, e parte dos militantes acabou por reconhecer o equívoco.
O notável e admirável Fernando Gabeira – que estava entre os sequestradores do embaixador Charles Elbrick, dos EUA –, grande parlamentar e jornalista, com coragem moral e impecável honestidade intelectual, declarou que o grupo que atuava pela via armada era comprometido com a ditadura do proletariado vigente na URSS e não com a democracia clássica, que a oposição política ao regime queria restabelecer.
A lembrança da Intentona Comunista de 1935, que matou oficiais no Rio, Recife e Natal, chocando e marcando nossos militares, sempre mereceu um ato para reverenciar os mortos na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Agora não é mais lembrada a noite infame de 27 de novembro, e se questiona a veracidade do covarde assassinato de oficiais que dormiam. E os arquivos do Exército são claros em registrar o que se passou na Urca e no Campo dos Afonsos, onde um dos heróis foi o grande brasileiro e brigadeiro Eduardo Gomes.
Defender a democracia é também lembrar dos momentos em que estivemos sob risco de ingressar no sombrio mundo do comunismo, que ainda pune o querido povo cubano, sem pão e sem liberdade.
Deve-se respeitar os brasileiros que dedicaram seu apoio e reconhecimento aos anos de regime autoritário, referendado pelo Congresso, em que se teve liberdade para trabalhar e empreender, com ordem e que fez o Brasil em 20 anos sair da 46ª economia mundial para a oitava.
Partidários, críticos e opositores de 64 são todos brasileiros e não se deve alimentar divisões, despertar ressentimentos e falsear a verdade histórica.
*Jornalista