Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

A consequência da má gestão das emoções

Publicado em 09/11/2023 às 06:00.

Somos estimulados desde novos a pensar sobre como iremos conduzir nossa vida profissional, qual faculdade iremos cursar e como administrar nossas finanças fruto do trabalho, mas a maioria de nós não foi ao menos convidada a refletir sobre qual a melhor forma de conduzir nossas emoções. Crescemos órfãos desse aprendizado, por vezes sem conseguir nem mesmo obtê-lo através do exemplo, e assim crescemos sem competência para enfrentar as grandes oscilações que a vida impõe. 

Algumas consequências de ser um mau gestor das emoções:

Insegurança perante a vida

Confiar em si mesmo significa se saber capaz de enfrentar problemas e seguir em frente. Pessoas inseguras não têm essa confiança, são muito mais regidas pelo medo do que pela coragem. Escolhem não ousar para não fracassar, temem ser pro ativas para não serem inconvenientes, desenvolvem verdadeiro pavor de errar e com isso se protegem do risco além do que deveriam e se privam de boa parte da vida. É comum se tornarem pessoas rancorosas, que projetam no outro a culpa do seu medo. 

Sofrimento prolongado

A dor emocional tem um ciclo que dura de acordo com a capacidade de se livrar dela. Além disso, o mau gestor também suporta dores que poderiam ser evitáveis. Isso porque somos acometidos por dois tipos de dores: as inevitáveis, como morte, doenças, tragédias; e as evitáveis, como casamentos ruins, amizades falsas, empregos abusivos. Conseguir lidar bem com as situações inevitáveis da vida é grande demonstração de força. Porém, suportar a dor que pode ser modificada caracteriza fraqueza emocional.

Vitimismo

Vítima é aquela cuja fraqueza foi explorada; vitimista é aquela que, para justificar sua infelicidade, estagna no sofrimento e na reclamação. Pessoas competentes para gerir as emoções podem até ser vítimas, contudo jamais se tornarão vitimistas. Viram o jogo e são mestres em “transformar o limão em limonada”. Assumir o papel vitimista pode ser vantajoso num primeiro momento, pois comove as pessoas para ajudá-lo; já em termos de autoestima, não contribui em nada - aliás, só piora. 

Procrastinação

Há um forte vínculo entre procrastinar e a inabilidade de gerir as emoções. Primeiro pelo medo que faz com que o indivíduo empurre ao máximo o que ele sabe que deve ser feito, e segundo pela própria inabilidade de ser prático, que o faz preferir ficar no campo mental. Vale ressaltar que a procrastinação é um dos hábitos mais nocivos para a autoestima, pois demonstra uma total falta de domínio sobre si. Quem empurra tudo para última hora, no fundo, não fica satisfeito com a própria conduta, e acaba tendo de si um péssimo juízo de valor. Se sente meio preguiçoso e irresponsável, mesmo que no final a tarefa seja concluída. 

A má gestão das próprias emoções traz muitos danos para o indivíduo que, se sabendo insatisfeito, continua com a incapacidade de sair do lugar. Essa inércia somente é quebrada quando a pessoa tenta, através da mudança de conduta, enfrentar os embates com mais coragem. Na medida em que vai caminhando, a força vai aumentando e o padrão antigo vai sendo substituído por um novo, bem mais vantajoso. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por