Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

A importância de silenciar a mente

23/09/2021 às 11:21.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:55

Uma grande fonte de estresse e doenças psicossomáticas deriva do turbilhão mental ao qual nos submetemos diariamente. A cabeça não para de processar pensamentos intrusivos e nem sempre positivos. Em sua maioria são pensamentos de medo e preocupação. Mas como interromper esse processo que nos parece tão automático e autônomo? 

Para solucionar isso, muitos recorrem às medicações. Uma medida eficaz a curto prazo, mas com consequências negativas ao longo do tempo. Em função disso, formas alternativas têm sido buscadas e uma delas é a meditação.

Cientificamente comprovada, a meditação é uma prática muito antiga, conhecida por fazer parte de filosofias e religiões orientais. Meditar nada mais é do que manter a atenção no momento presente e desvincular de outras distrações e pensamentos. Para chegar a essa condição, usa-se a respiração como maneira de manter o foco. Quanto mais concentrada a mente estiver, menos perturbações e desequilíbrios afetarão, e mais sereno e elevado é o estado emocional do indivíduo. 

Manter a mente tranquila e estável emocionalmente tem incontáveis benefícios, tais como diminuição de sintomas depressivos; redução de estresse; controle da ansiedade; melhora da autoestima; aumento da concentração; redução da sensação de angústia; visível aumento das atividades mentais: raciocínio e memória; ampliação da sensação de prazer e bem estar; controle de compulsões; melhora na qualidade do sono; benefícios em relação a doenças crônicas que derivam das emoções como doenças autoimunes. 

Os benefícios são muitos e comprovados, contudo, o gargalo se dá em como fazer e na disciplina da continuidade. É importante ressaltar que meditar vai além da forma clássica: sentado, posição de lotus, olhos fechados e mãos sobre os joelhos; antes de praticar esse tipo de meditação podemos iniciar com o exercito de se manter no “estado meditativo”. 

Isso significa sair do “piloto automático” e ter maior controle sobre as ações rotineiras. Um bom começo pode ser tentar diminuir as distrações e manter o foco das atividades importantes - para isso se faz necessário a organização do dia. Listas de afazeres funcionam muito bem nesse sentido. 
Outra forma de nos manter nesse estado é aumentar a ação e diminuir a queixa - lamentar é sujeira mental. Quando estamos atentos a isso, substituímos a lamúria pela ação. Agir é se manter atento. Atenção é meditação. 

Prestar atenção na atividade que está sendo executada também é um excelente exercício. Quando fazemos algumas atividades costumamos “liberar” nossa mente para pensar. Um erro! Quanto mais atenção à atividade, mais organizados mentalmente estaremos. Quando estiver dirigindo, prestar atenção no caminho; quando estiver ouvindo, prestar atenção no assunto. Um exercício difícil para mentes dispersas, mas de ótimos resultados. 

O estado meditativo propõe substituir o conteúdo “sujo” por um “limpo”, livre de perturbações. É preciso disciplina para vencer as dificuldades, afinal são anos de acúmulo mental. 
É como uma casa abandonada por décadas, com poeira, escombros e mofo, que será restaurada. Conseguir silenciar a mente é morar numa casa limpa, não tem preço. 

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