Em 1984, o mercado publicitário lançou uma campanha que ficou famosa pelo slogan: “Não basta ser pai, tem que participar”. Um bordão cujo mote era chamar a atenção para a importância da presença paterna na criação dos filhos.
Atualmente, isso parece óbvio, porém, antigamente o estilo educativo dominante era bem diferente. Ao pai era atribuído exclusivamente a responsabilidade garantir o sustento da casa, enquanto a mãe cuidava sozinha da prole.
Dessa forma, era muito comum o pai não acompanhar a criação dos filhos, não participar das apresentações escolares, não leva-los ao médico e não saber nada sobre o dia a dia. O pai era uma figura distante, que só aparecia quando precisava mostrar sua autoridade. Tal papel fazia com que os filhos sentissem verdadeiro medo dele.
Aos poucos, esse cenário foi mudando. Os pais, antes distantes, foram ficando cada vez mais próximos e atuantes. Embora nos dias de hoje ainda encontramos a figura do pai autoritário, ela parece estar em declínio, dando lugar a um pai cada vez mais carinhoso.
Essa proximidade só contribui para a formação de crianças mais seguras emocionalmente e com maior senso de limites. Isso porque é também através da figura paterna que a criança se conecta de forma mais segura com o mundo e desenvolve respeito às regras.
Mas encontrar o equilíbrio continua sendo um desafio. Muitos pais, com medo de repetir o modelo autoritário que receberam, se tornaram o extremo oposto na hora de educar e vão para o outro lado: o da superproteção e permissividade excessiva. Por medo de errar, erram.
Proteger e mimar demais os filhos pode ser o ambiente perfeito para o desenvolvimento da popularmente chamada “Síndrome do Imperador”.
Crianças “imperadores” são mandonas, ditadoras e exigentes. Determinam, através do seu comportamento tirano, os padrões de comportamento da casa. Impõem as regras que todos deverão seguir. Escolhem a comida, o canal da televisão, onde a família irá passar férias, a hora que vai dormir, etc.
Se seus caprichos não forem cumpridos, pegam birras, se comportam de maneira inadequada ou até agridem.
O desenvolvimento dessa síndrome tem a ver com:
–Pais com dificuldade de impor limites. As vezes por culpa, as vezes por acreditar que é mais fácil ceder para evitar conflito.
–Ausência de disciplina no lar, uma casa sem regras.
–Forma de criação diferente entre pai e mãe. Estando os pais juntos ou separados, quando há dois modelos de criação os critérios ficam em desalinho, deixando a brecha para a criança manipular.
–Personalidade da criança, aliada às questões anteriores.
–É mais frequente em filhos únicos.
O papel do pai é fundamental na vida das crianças, tanto para formação da personalidade, quanto moral e emocional. É necessário que ele esteja presente, não apenas fisicamente, mas que contribua ativamente na formação do filho. O resultado é sempre compensatório. Como nos lembra o filósofo Aristóteles: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.