A formação da nossa personalidade sofre influências multifatoriais provenientes do meio familiar, sociedade, escola, religião, herança genética, entre outros. Porém, uma grande parcela é de responsabilidade da mãe.
Isso porque o filho recebe da mãe, desde a vida intra uterina, impressões, sensações e sentimentos e esses registros podem ser repletos de amor, mas também de medos, inseguranças e outras emoções que influenciam diretamente na formação e desenvolvimento dos filhos.
Isso ocorre não só na infância, mas também na vida adulta gerando impacto em varias áreas: social, profissional e até afetiva. Impactos as vezes positivos e outras, negativos. Vejamos como o jeito de ser da mãe pode impactar:
1- Mãe crítica: Sem perceber, muitas mães criam seus filhos criticando, apontando seus defeitos e ressaltando suas imperfeições. Erram tentando acertar, pois acreditam que através da crítica conseguirão educar. Em alguns casos a crítica não ocorre de forma direta. Há situações onde ela vem embalada com outras roupagens, como por exemplo em tom de brincadeira, desafio ou até disfarçada de amor.
- Possíveis impactos emocionais: filhos hiper autocríticos, inseguros, com sensação de inadequação, tímidos, autoestima baixa, sensação de menos valia. Vivem com medo do julgamento e tendem sempre atender a expectativa alheia
2- Mãe Deprimida: A depressão não é só tristeza, mas também irritabilidade, ansiedade, desânimo, mau humor, negatividade, etc. Uma mãe deprimida geralmente mescla entre a incapacidade emocional e a culpa de não ser boa o suficiente. É muito vulnerável às emoções e transmite toda essa carga aos seus filhos.
- Possíveis impactos emocionais: filhos crescem acreditando ser responsáveis por cuidar do outro. Sentem dificuldade de dizer "não" e sempre acham que estão incomodando. Tratam os interesses dos outros na frente dos seus. É sempre pró-ativo no apoio aos amigos e familiares e se sente mal quando não consegue ser útil a alguém.
3- Mãe impaciente: Não consegue atender às tantas demanda do filho. Tem dificuldade de interagir no universo infantil, com isso traz a criança para o seu contexto. Exige do filho, desde cedo, um comportamento de adulto e às vezes disputa com ele de forma igualitária. Deixa claro, numa linguagem não verbal, que ser mãe é um fardo.
- Possíveis impactos emocionais: Por ter sido negligenciada como filho, a criança acaba ficando sem a figura da "mãe". Isso faz com que ela apresente dois extremos: ora hiper responsável, ora totalmente irresponsável. Ambos comportamentos com o intuito de "ser percebido". Apresentam um medo acentuado da rejeição. Tendem a ser ressentidos e sensíveis. Costumam desenvolver um lado manipulador que tem a ver com o medo da perda. Buscam sempre ter o papel de "mãe" na vida do outro.
4- Mãe egoísta: O analfabetismo emocional da natureza egoísta não permite uma real percepção das necessidades do outro. Há então uma elasticidade afetiva curta - o acolhimento afetivo que a mãe consegue dar não é suficiente para o filho se sentir acolhido.
- Possíveis impactos emocionais: Por se sentir desconsiderado pela mãe, o filho cresce inseguro. Tem dificuldade em se auto valorizar e geralmente é permissivo ao abuso. Continua de alguma forma submisso a mãe, mesmo depois de adulto, numa busca infinita pelo reconhecimento. Tende a se relacionar, inconscientemente, com pessoas com a mesma personalidade da mãe como uma forma de compensar um passado afetivo deficitário.
5- Mãe suficientemente boa: Termo cunhado pelo psicanalista Donald Winnicott, em que ele destaca a importância do desenvolvimento do "self" desde o nascimento do bebê. Este tipo de mãe trata seu filho como "indivíduo". Está comprometida com a maternidade deixando (dando ou transmitindo) ao filho a sensação de acolhimento, proteção e elegria. Sua paciência somada à sua percepção aguçada a leva a responder adequadamente às necessidades do filho. Atenta a isso ela consegue criar um ambiente propício a formação de um indivíduo independente e seguro. Estima-se que 10% das mães têm esse perfil.
- Possíveis impactos emocionais: Confiança em si mesmo, boa autoestima e inteligência intrapessoal. Facilidade em se relacionar sem medo da rejeição e de rápida cicatriz emocional. Sente-se confortável consigo mesmo e inteireza emocional.
Muitas vezes, atribuímos a mulher, após ser mãe, uma condição santificada, esquecendo que a qualidade da maternidade depende diretamente da personalidade anterior de cada uma.