A palavra traição está associada à quebra de confiança entre duas pessoas e ocorre quando há infidelidade ao acordado entre as partes. A traição traz consigo muita dor e uma atmosfera acusativa, de rancor e mágoas difíceis de cicatrizar. Dado ao tamanho estrago, deveríamos ficar mais atentos em não cometê-la.
Mas não é apenas em relação ao outro que ela ocorre. A verdadeira infidelidade inicia quando traímos a nós mesmos. Afinal, o relacionamento mais importante e que mereceria total fidelidade é aquele que ocorre conosco.
O curioso é que não somos ensinados a nos relacionar bem conosco. Ao contrário, muitas vezes o que ocorre é uma educação onde nos é ensinado suprimir a nós mesmos para agradar ao outro. Dessa forma, ficamos com a ideia de que o mais importante é o outro, ainda que isso seja em detrimento de nós. É aí o início da sensação de menos valia, baixa autoestima, insegurança, crises de ansiedade e até depressão.
Mas nem tudo está perdido. Mesmo que isso tenha sido ensinado, equivocadamente, pelos nossos pais, escola, igreja e sociedade, uma vez despertos temos a capacidade de mudar esse comportamento e passar a nos valorizar antes de valorizar o outro.
A primeira ação para transformar é mapear onde ocorre a auto traição. Observe se você responde “sim” para algumas dessas situações:
Constatar e desejar alterar essa dinâmica é o primeiro passo para a mudança. É preciso entender que escolher a si não implica anular o outro, e muito menos perder prestigio e admiração dele. Ao contrário do que nos ensinaram, não somos admirados pelo tanto que nos doamos, mas sim pela nossa fidelidade aos nossos princípios.
Nessa perspectiva, o velho clichê se faz mais verdadeiro que nunca: não existe amor ao próximo sem amor por si mesmo. Da mesma forma que não existe fidelidade ao outro praticando a infidelidade consigo. Qualquer que seja a relação, a traição não vale a pena.