Freud, criador da Psicanálise, atribuiu à infância as causas de todos os nossos problemas na vida adulta, sendo a mãe a protagonista do enredo.
Apesar da formação da nossa personalidade sofrer influências multifatoriais que derivam do ambiente externo, meio familiar, sociedade, escola, religião, a própria herança genética, a maior parcela é atribuída a é mãe.
E não poderia ser diferente. O filho recebe da mãe, desde a vida intrauterina, sensações e sentimentos que podem ser de amor, mas também de medos, inseguranças e várias emoções que vão sendo transmitidas antes mesmo do seu nascimento.
A mãe, atenta a isso, inicia uma autocobrança para ser “perfeita” - embora entenda, racionalmente, que isso não é possível, emocionalmente continua com essa aspiração quase num impulso involuntário. Frente à constatação de que não está se saindo como deveria, é consumida por um forte sofrimento: a culpa.
Tudo se agrava quando essa mãe começa a se sentir extremamente exausta, com múltiplas demandas, pressões externas e/ ou internas e, no afã de querer dar conta de tudo, por vezes se percebe irritadiça, explodindo com facilidade e por isso sentindo mais culpa. Quanto mais culpada, mais sofre. E de uma forma inconsciente, ou não, começa a não se sentir merecedora de lazer e autocuidados. Muitas acabam se abandonando, ou, quando conseguem fazer algo para si, lutam fortemente contra a sensação de serem egoístas. Um equívoco!
A base disso é a frustração que o desalinho entre o ideal e o real traz: a ideia de que não é uma mãe boa o bastante.
Isso é tão significativo que um estudo realizado pelo instituto On The Go e divulgado na Folha de São Paulo, ouvindo mais de mil mães brasileiras de crianças até 3 anos, revelou que 51% delas sentem-se culpadas por acharem que poderiam fazer mais pelos seus filhos. Outras sentem culpa por querer voltar às condições que tinham antes do nascimento das crianças. Nas mães-solo o sentimento de culpa aumenta para 61% das entrevistadas. Um dado importante é que 42% de todas elas se sentem “julgadas” como mãe.
Não deveria ser assim, mas, na maioria das vezes, é: nasce um filho, nasce uma culpa.
Os tempos modernos nos convidam a deixar esse tipo de pensamento no passado e a atualizar alguns conceitos, entre eles abarcar, com mais serenidade, a vulnerabilidade e as limitações, desfrutando, com mais suavidade, dessa jornada cheia de experiência, aprendizados e amor que é a maternidade.
Feliz dia das mães!