Associamos a palavra submissão à condição de subordinação de uma pessoa para com a outra. Ou seja, uma relação onde um superior manda e o outro, submisso, obedece.
Essa é apenas uma faceta clássica da submissão. Há, porém, uma subjetividade que ocorre de forma menos óbvia, mas muito nociva. São as condições invisíveis de submissão, e um exemplo disso é o medo da rejeição.
O indivíduo que busca ser aceito acaba ficando prisioneiro disso e por vezes se submetendo a coisas que não gostaria para não desagradar os outros.
A dificuldade em se posicionar frente a uma situação também leva um indivíduo à submissão. Vamos analisar o caso de Maria, uma moça no estilo “boazinha" e com muita vergonha de defender seus interesses. Com isso, acaba deixando as pessoas levarem vantagem sobre ela, pois assim não precisa se indispor com ninguém.
Maria é autônoma e vive de pequenos contratos, e, cada vez que um cliente solicita algo a mais, ela morre de medo de negar e perder novas oportunidades e indicações. Dessa forma, está sempre cedendo, ofertando mais do que foi contratado, dando descontos não previstos e engolindo desaforos em prol da manutenção dos “bons relacionamentos”.
Tenta convencer a si mesma que faz isso para não perder clientes, mas na verdade é pela grande dificuldade que possui: defender seus interesses.
Entre amigos Maria também tem essa característica e por não conseguir se posicionar com transparência acaba tendo dois tipos de comportamento que se revesam: ora aceita convites que não gostaria por vergonha de negar; ora se esconde, não atende mais o telefone e depois inventa desculpas para justificar o ocorrido, com isso adquiriu uma fama de “enrolada”.
No campo amoroso isso também ocorre. Pela dificuldade de falar “não”, vive se desdobrando em duas para atender as demandas do namorado e família, porém tamanha doação não ficaria sem consequências. Maria está em constante estado de irritabilidade, perdendo a paciência facilmente e explodindo com as pessoas que mais ama. Tudo isso traz para ela um enorme sentimento de culpa pois não gostaria de estar agindo assim.
Nesse caso, a agressividade é uma consequência do acúmulo de submissão. Por não conseguir expor com clareza seu sentimento, acaba perdendo a paz e a serenidade.
Muitas pessoas buscam ajuda profissional para se livrar do comportamento agressivo que reprovam em si, quando na verdade deveriam mesmo estar preocupadas com o motivo que as levam a isso.
Uma pessoa que se submete à vontade do outro pela dificuldade em falar "não" perde o respeito por parte do outro e rebaixa incontestavelmente sua autoestima, uma vez que joga contra si mesma.
Para deixar de ser refém desse comportamento aprisionador, se faz necessário diferenciar bondade de fraqueza. Ser bom para outro só se justifica se não houver prejuízo para si próprio. Fora isso, é submissão.