Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Ação, o melhor remédio para ansiedade

Publicado em 07/11/2024 às 06:00.

É cada vez maior o número de pessoas que se queixam de ansiedade. O sentimento é, por vezes, difícil de ser definido em palavras, mas intensamente sentido, inclusive por sintomas físicos, tais como: respiração ofegante, sensação de formigamento, sudorese nas mãos ou em algumas áreas específicas, batidas do coração aceleradas, boca seca e, em crises mais agudas, sensação de iminência de morte. Na cabeça, os pensamentos catastróficos são largamente cultivados de forma obsessiva, alimentando ainda mais o medo, que é a fonte primária da ansiedade. Um círculo vicioso autodestrutivo. 

A sensação é muito desconfortável, e a maioria não sabe como se livrar disso. Primeiramente é preciso entender que o mundo é mental. Tudo que sentimos ocorre em nossa mente. Ou seja, o que pensamos dá vazão ao que sentimos. Portanto, aos que querem verdadeiramente atenuar a ansiedade, é preciso atuar na diminuição da ruminação mental. Mas como fazer isso se o pensamento “tem vida própria”?

Sim, eles são por natureza intrusivos e com capacidade de danos desproporcionais. É como se uma semente virasse árvore em questão de minutos. É preciso intervir para que isso não ocorra. E um excelente “antídoto” para eliminá-los é a ação. 

Geralmente, a ansiedade paralisa o indivíduo, fazendo com que ele abaixe a produtividade, ande em círculos e procrastine cada vez mais. Isso ocorre porque gastamos nossa energia psíquica, que é a força que nos movimenta para frente, pensando, ao invés de agindo. Pensar cansa e queima combustível sem sair do lugar. Não é à toa que o ansioso está sempre com algo por fazer, um trabalho para terminar, uma lista de tarefas para concluir e acaba não dando conta de concluir. A energia que seria usada para realização é desviada para a preocupação, alimentando ainda mais a ansiedade. Um buraco sem fundo. 

Os danos não param por aí. O sono é prejudicado, a sensação de cansaço influencia na disposição do dia a dia e o indivíduo deixa de fazer atividade física, pois não sobra energia. E tudo isso resulta num estilo de vida ruim, o que é uma porta aberta para prazeres imediatos como: compras online, a hiperconectividade nas redes sociais, jogos, bebidas para aliviar o estresse. Há também quem desenvolva transtornos que funcionam como alívio para ansiedade, como a tricotilomania, por exemplo, que é um impulso incontrolável de arrancar fios de cabelo do corpo ou até a automutilação, ou outras lesões, como cutucar a unha até sangrar, a gengiva até machucar. O alívio é efêmero e os danos, profundos. 

Além disso, o sujeito que busca subterfúgios autodestrutivos automaticamente tem sua autoestima rebaixada, haja vista se sentir muito insatisfeito com seu comportamento, com sensação de derrota e desenvolvendo um sentimento de inveja de quem consegue administrar bem a própria vida. 

O remédio? A ação. 

- Está ansioso em função da prova que está por vir? Pare de pensar e estude. 
- Está ansioso com o filho que foi para uma festa? Espere dormindo e não acordado, pensando.
- Está ansioso pela mensagem que não chegou? Espere fazendo ginástica, e não olhando no telefone. 
- Está ansioso sem saber se terá dinheiro para pagar a conta? Espere trabalhando dobrado, e não fazendo contas. 
- Está ansioso que a dieta não está dando resultado? Acorde mais cedo e aumente o tempo da caminhada. 
- Está ansioso porque precisa entregar o trabalho e já está atrasado? Delete as redes sociais até a entrega do mesmo. 
- Está ansioso? Arrume a casa, a gaveta, o guarda-roupa, o armário, jogue coisas velhas fora, isso ajuda a acalmar os pensamentos. 
- Está ansioso por qualquer motivo? Espere fazendo, e não esperando. 

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