A dinâmica social nos ensina que ter sucesso significa ganhar muito dinheiro, ter carros e casas de primeira linha e estar sempre crescendo profissionalmente e em constante destaque. Em busca dessas conquistas, muitos perdem a saude física e mental e tornam-se os piores gestores da própria vida.
É muito comum, nessa busca de se tornar o grande campeão admirado por todos, o indivíduo se tornar um perfeccionista.
Perfeccionismo é uma tendência de certas pessoas, geralmente habilidosas, de buscarem a perfeição em tudo que fazem. Elas exigem tanto de si, um resultado tão espetacular, impecável e sem erro, que acabam ficando paralisadas em suas atividades e por isso costumam adiar ao máximo o que precisam fazer.
O compromisso não é com o cumprimento da tarefa e sim com a perfeição, e o pavor de errar acaba tornando as atividades muito penosas. O clima é sempre de tensão e ansiedade. O rigor e o compromisso com o brilhantismo tiram qualquer tipo de prazer na execução - este só vem ao final, quando é sentido um grande alívio, mesmo assim se tiver atingido o êxito, caso contrário continuara a tortura mental.
O perfeccionismo faz com que o indivíduo seja um algoz de si mesmo, se maltratando em 3 principais condutas:
- rigidez extrema
- elevado nível de autocrítica
- alta capacidade punitiva frente a um erro
Além disso, indivíduos que se exigem demais acabam adotando outra conduta autodestrutiva, a comparação. Fazem da vida do outro uma espécie de termômetro para medir seu desempenho. Não raramente, se medem com quem está melhor, e isso reforça seu nível de exigência. Uma retroalimentação que aprisiona e faz sofrer.
Além do nível perfeito de exigência, outra conduta que nos faz ser cruéis conosco é o medo. Sentir medo em situações reais da vida é comum, mas viver sob o regimento do medo é travar uma batalha diária. Me refiro aos medos emocionais como: medo do ridículo, medo do julgamento alheio, medo de não ser aceito, de não ser bom o suficiente, de não agradar e com isso ser colocado numa espécie de segunda categoria de pessoas. De fato, ninguém quer esse lugar, mas não é através do medo que evitaremos isso. Aliás, o medo é um obstáculos imaginativo que nada contribui. Ao contrário, aumenta o problema.
Também somos nossos algozes quando toleramos dores evitáveis, tais como: relacionamento ruim, trabalho de que não gostamos, amizades com pessoas que tumultuam nossa vida, entre outras situações que poderíamos evitar, mas mantemos por fraqueza.
Aliás, toda vez que nos maltratamos, seja nos exigindo a perfeição, seja sendo permissivos, nos submetemos à pior dor emocional - aquela que fazemos com a gente mesmo.
Deixar de ser algoz de si significa se tratar com amorosidade, tendo como parâmetro o autorrespeito e a vulnerabilidade inerente à nossa condição de ser humano. Afinal, dada a finitude da vida, nos convém viver com mais leveza sem a pretensão de ser o número 1.