Sentir ansiedade em algum momento da vida é normal. Pode ser uma preocupação com algo que está para acontecer, como uma prova, uma apresentação em público, a expectativa de receber uma notícia, a viagem de um filho, etc. Todas essas situações são consideradas geradoras de ansiedade; portanto, sentir uma certa inquietude quando elas estão prestes a acontecer é comum.
O que sai da normalidade é quando um indivíduo vive com esse sentimento a maior parte do tempo. É quando a ansiedade se torna uma vilã, consumindo a qualidade de vida impedindo o indivíduo de desfrutar de um estado de paz. Embora a ansiedade pode ter uma origem genética, ela também pode ser resultado do estilo de vida, atrelado aos condicionamentos mentais.
A seguir, analisaremos o caso de Maria que desenvolveu Transtorno de Ansiedade Generalizada. Inicialmente, buscou ajuda para tratar uma gastrite que não curava. Além disso, queixava-se de insônia, queda de cabelo, erupções cutâneas e constante imunidade baixa que a deixava vulnerável à gripes e garganta inflamada.
Maria se descreve como uma pessoa “firme”. Quando as coisas não saem como gostaria, ela fica altamente irritada. Seu lema de vida é: “explodir para não implodir”. Com isso está sempre discutindo com alguém pois é do tipo que não aceita desaforo. No trabalho quer tudo “para ontem”, acreditando estar cercadas por pessoas incompetentes. Em casa é extremamente explosiva e tenta, através de brigas, impor suas opiniões. Está sempre em conflito com seus familiares. Sua paciência com os filhos é curtíssima, os trata aos gritos e se considera “no limite”.
Ela diz: “Eu gostaria de ter uma vida melhor, mas as pessoas não colaboram. Estou cercada por gente sem iniciativa e meus filhos são muito desobedientes. Tenho um chefe exigente que me cobra resultado. Se eu não brigar, nada na minha vida anda. Ainda bem que sou brava, senão todo mundo pisaria em cima de mim”.
Com os amigos, Maria se mostra uma pessoa amável. É sempre muito prestativa e tem enorme dificuldade de dizer “não” ; está sempre ajudando alguém.
Percebemos que o caso de Maria é parecido com o de inúmeras pessoas. Um estilo de vida colérico, imaturo e sem amor próprio, que tenta, através da sua pseudo onipotência, sustentar a ilusão do controle–principal produto da ansiedade.
Para mudar esse comportamento tóxico, não basta querer. É preciso caminhar na direção diametralmente oposta ao que se está acostumado. Tarefa difícil para pessoas que se acham certas. Sair do estado de ansiedade significa sair da necessidade de controlar a tudo e a todos e isso implica em desenvolver a mansidão e a humildade, atributos imprescindíveis para atingir a condição de serenidade.