Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Aos que desejam mudança

Publicado em 29/12/2021 às 21:10.Atualizado em 04/01/2022 às 00:16.

A maioria de nós aspira coisas novas para um novo ano. Apesar de, na prática,  nossa vida continuar igual, virar um ano traz um simbolismo importante e um efeito psicológico de recomeço. Mas, essa renovação só acontece se soubermos onde queremos chegar.

Parece básico, mas nem sempre é. Geralmente, temos em mente os nossos desejos materiais, mas não os avanços emocionais necessários para a realização dele. Um exemplo: se quero trabalhar mais para aumentar meus ganhos preciso ter disciplina para acordar mais cedo e evitar a procrastinação. Disciplina e responsabilidade são metas imateriais fundamentais para a realização das materiais. 

Para isso precisamos mudar nosso padrão comportamental. Muitas vezes, desejamos profundamente algo, mas simplesmente não conseguimos sair do lugar. Nem sempre por nossa culpa. Mudar é realmente algo muito difícil. Muitas vezes, superestimamos nossa capacidade e não nos preparamos o suficiente, e isso favorece ainda mais o fato de fracassarmos rumo à mudança.

Mudar nosso jeito de ser e agir não é tarefa simples e vai muito além do simples desejo. Requer esforço, privações, determinação e várias outras atitudes que são imediatamente desprazeirosas. Não é fácil quebrar a inércia e abandonar padrões repetidos por anos. Além disso, é preciso ainda lidar com a possibilidade do fracasso e algumas pessoas, por não se permitirem errar, temem inconscientemente a mudança por receio de não dar conta dela. Com isso, ficam paralisados sem andar para frente. 

Uma outra questão que dificulta é o fato da mudança não vir de apenas uma atitude. Para mudar um único comportamento, é preciso mudar no mínimo outros três.  Alguns exemplo: quem almeja ser mais tolerante tem também que aprender a aumentar a empatia, se despir do ego e exercitar a compaixão. Já quem deseja aprender a dizer “não” precisa estar preparado para lidar com a vergonha, a culpa, o remorso -  entraves que atrapalham e muito a evolução da mudança. 

Além de todo empenho ainda existe um elemento imprescindível para que o avanço emocional ocorra: a humildade. Imagina uma pessoa agressiva, acostumada a tratar os demais com autoritarismo e arrogância; para que esta pessoa consiga caminhar por um contexto de pacifismo e serenidade é preciso que ela passe pelo crivo estreito da humildade. E nem todos estão dispostos. 

Ser uma pessoa melhor para si e para o mundo, não é tarefa fácil. Muitos querem, poucos se dedicam com seriedade e menos ainda conseguem. 

Nessa caminhada é muito importante apreender ouvir. Ouvir com atenção a dor do outro e entender que nosso comportamento pode estar contribuindo para essa dor. Um exercício de autocrítica e aceitação somente para os pacíficos de coração. Geralmente o que não suportamos ouvir desqualificamos como frivolidades. 

Se realmente quisermos evoluir nos aspectos pessoais, falar não basta, é preciso fazer e fazer além. Temos um ano inteiro pela frente. Façamos bom uso!

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