Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Assédio moral no trabalho

Publicado em 28/09/2023 às 06:00.

Até pouco tempo não se dava importância para um tema tão sério como o assédio. 

É considerada assédio a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e éticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinados, desestatizando a relação da vitima com o ambiente de trabalho e a organização, muitas vezes forçando-o a desistir do emprego. 

O psicólogo alemão Heinz Leymann se destaca como um dos pioneiros autores a se dedicar a esse tema. Ele define o fenômeno da seguinte forma: “Uma psicologia do terror manifestada no ambiente de trabalho por uma comunicação hostil e sem ética direcionada a um indivíduo ou mais. A vítima, como forma de defesa, reprime-se, desenvolvendo um perfil que somente facilita ao agressor a prática de outras formas de assédio moral”.

O autor destaca o forte vínculo entre doenças psicossomáticas e o assédio no trabalho, que ele nomeia de mobbing, um nome em inglês que sugere “atacar”.

 

Outro pesquisador muito importante sobre o assunto é o psicólogo canadense Robert Hare, autor do livro: “Cobras de Terno, quando os psicopatas vão trabalhar”. Nele o autor dá destaque ao perfil do assediador, considerando o transtorno de personalidade dos psicopatas cuja características se destacam: ausência de consciência emocional, remorso, culpa; discurso sedutor, mentiras e frieza emocional e reincidência no comportamento. 

O perfil narcisista que acomete os assediadores também o faz crer que ele tem uma espécie de salvo-conduto para falar e fazer o que quiser sem que nada aconteça. Seu senso de grandiosidade o faz pensar ser tão especial a ponto de não se preocupar com as consequências dos seus atos. São regidos por uma permissão para fazer o que quiser independentemente de ser imoral ou ilegal.



Embora não seja a maioria, pessoas com esse perfil causam muito estrago nas organizações e na vida das suas vitimas, tanto financeiramente quanto emocionalmente. As consequências podem chegar em quadros graves de estresse, ansiedade, burnout, depressão e as vezes até em suicídio. Uma triste realidade! 

É importante ressaltar que o assediador escolhe o assediado dando preferência a pessoas mais contidas, que por medo de se exporem preferem fingir que não entenderam o assédio ou optam por não falar nada para evitar qualquer tipo de mal-estar. Quanto mais intimidada fica a vitima, mais há um fortalecimento por parte do agressor. 

Por mais complexo que seja, e sabemos que é, o caminho mais indicado para tentar inibir essa prática é o da denúncia nos canais de apoio. Pensar que nada vai adiantar é apoiar o criminoso. 

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