Quando falamos em imunidade baixa, logo pensamos numa condição onde nosso sistema de proteção não está funcionando adequadamente, deixando nosso organismo vulnerável a doenças e infecções. A associação se dá somente em relação à nossa parte física; não consideramos sequer que existe também uma “camada protetora” do nosso sistema emocional - embora possamos sentir claramente a falta que ela faz.
Nosso organismo, com sua inteligência, mantém uma reserva como se fosse um saldo bancário positivo que pode ser usado sempre que necessário. Esse montante é naturalmente reabastecido, mantendo sempre uma média positiva, ou seja, uma boa imunidade. Entretanto, quando se gasta além da reserva, o saldo entra no “cheque especial”, que se não for rapidamente reposto, acumulará uma dívida. Isso pode ocorrer na conta bancária, no corpo físico ou na nossa parte emocional. Quando gastamos todas as nossas reservas, começamos a operar no vermelho, abrindo caminho para graves diagnósticos da nossa saúde mental, como depressão, distimia, crise de pânico, fobias, burnout, entre outros.
Portanto, estar atento ao nível da nossa imunidade emocional é fundamental para evitarmos que nossa situação chegue a um diagnóstico.
Conseguimos medir nossa reserva por meio de algumas condutas, que por vezes são consideradas normais, mas sinalizam que algo não vai bem. São elas:
Irritabilidade: sentir uma certa inquietude frente a algum evento específico, como um acidente na estrada que faz com que haja um atraso num compromisso importante, por exemplo, é comum. O que passa a ser problema é viver diariamente com os nervos à flor da pele, como se fosse uma bomba-relógio prestes a explodir. Outro indício é ir de 8 a 80 sem transição, ou seja, a pessoa está tranquila, mas frente a uma menor ocorrência ela vai para uma alta irritabilidade. Uma emoção que se apresenta desproporcional ao fato ocorrido.
Impulsividade: agir sem pensar. A urgência da vida moderna é um convite ao imediatismo e um indivíduo que reage assim dispara o gatilho da impulsividade e excessos: come demais, compra o que não precisa, briga por coisas banais, fala coisas no calor da emoção e age de forma inconsequente. Faz primeiro e pensa depois. Oscila entre o impulso e o excesso, numa tentativa inconsciente (ou não) de compensar a irritabilidade sentida. Um círculo vicioso que não resolve o problema - aliás, agrava. Na maioria das vezes se arrepende, ou acredita que se tivesse pensado melhor teria feito diferente.
Ansiedade: viver com o modo ansiedade ativado não é certo. Embora, na atualidade, haja uma espécie de romantização dessa doença, viver ansioso é viver na vigília esperando que algo catastrófico possa acontecer e é preciso estar alerta. Uma tentativa inútil de controle e uma demonstração de falta de fé, no amplo sentido da palavra.
Reatividade: uma pessoa com baixa imunidade emocional reage a qualquer provocação, comentário, crítica. Não pensa para falar, apenas reage ao estímulo do outro completamente à mercê das emoções. A reatividade é um mecanismo de defesa que deriva do medo, portanto um indivíduo reativo é um medroso que age na defensiva e, por insegurança, ataca antes de ser atacado.
Explosão: a dificuldade de controlar as emoções frente a um evento estressor demonstra, além de fragilidade emocional, uma grande imaturidade. A criança intolerante à frustração explode pegando birra.
É importante ressaltar que não devemos tentar aprender a conviver com esses comportamentos, e sim criarmos mecanismos para que eles não existam em nossa vida. Fazer uma boa reserva emocional implica em não gastarmos energia a fundo perdido e sim economizarmos para utilizar realmente quando necessário. Aos que buscam paz, eis o caminho.